Mariana Cravo, Serviço de Dermatologia do IPO de Lisboa
Os dermocorticóides são medicamentos corticóides ou corticoesteróides que exercem a sua acção através da sua aplicação directa na pele.
Do ponto de vista galénico, podem ser cremes, pomadas, geles, emulsões, soluções e até champôs.
Foram introduzidos no mercado há cerca de 70 anos e são uma forma de tratamento, segura e eficaz, de doenças inflamatórias da pele, como, por exemplo, diversos tipos de eczema, psoríase e reacções adversas a medicamentos que afectam a pele (já amplamente explanadas em anteriores publicações). Quando utilizados de forma correcta, evitam a necessidade do uso de medicamentos imunossupressores com acção sistémica (sobre todo o organismo) que têm um maior risco de efeitos secundários.
Apesar de serem fármacos muito eficazes, se não forem usados correctamente, de acordo com a indicação médica, podem causar efeitos secundários como atrofia da pele (que se torna mais fina), aparecimento de estrias, telangiectasias (pequenos vasos sanguíneos superficiais da pele que são permanentemente visíveis) e pêlos grossos.
Uma área particularmente problemática para o uso prolongado destes medicamentos é a face, a área genital e as axilas. Nestas regiões, a pele é mais fina do que nas restantes zonas e, por isso, mais fácil e rapidamente se desenvolvem os efeitos secundários acima referidos. Na face, o seu uso crónico pode causar acne, rosácea e dermite perioral, de difícil tratamento.
O seu uso é contra-indicado em situações de infeçcões cutâneas por vírus, bactérias ou fungos, pois o seu efeito imunossupressor provoca uma diminuição das defesas da pele, levando a um agravamento da infecção.
Se o uso abusivo de dermocorticóides é problemático pelas razões acima referidas, a chamada “corticofobia”, ou seja, o medo irracional e injustificado do uso de corticóides, que é normalmente secundária a desinformação, pode ser bastante prejudicial causando um obstáculo ao controlo da doença cutânea e levando, por vezes, à sua perpetuação.
Estes medicamentos deverão ser aplicados uma vez ao dia, em pouca quantidade, sobre a área atingida, preferencialmente à noite, em quantidade suficiente para cobrir a lesão, fazendo uma pequena massagem para que o mesmo possa ser absorvido. A duração do tratamento depende essencialmente da gravidade da inflamação cutânea, e da localização das lesões. Os dermocorticóides deverão ser usados apenas após recomendação médica.