Crianças com defeitos congénitos podem estar em maior risco de desenvolver cancro infantil, segundo um novo estudo realizado em mais de 10 milhões de crianças nascidas no Texas, Arkansas, Michigan e Carolina do Norte, nos Estados Unidos, entre 1992 e 2013.
Em comparação com crianças sem defeitos congénitos, aquelas com defeitos genéticos tinham quase 12 vezes mais probabilidade de desenvolver cancro aos 18 anos.
Crianças com defeitos congénitos sem causa genética conhecida, também conhecidos como defeitos não cromossómicos, tinham um risco 2,5 maior.
Os tipos de cancro mais freqüentes em crianças com defeitos congénitos não cromossómicos incluíram hepatoblastoma, uma forma de cancro do fígado, e neuroblastoma, um tipo de cancro que tem início, muitas vezes, nas glândulas supra-renais.
A investigação, realizada por cientistas do Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, está a ser considerada como a maior de sempre a avaliar o risco de cancro em crianças com defeitos congênitos.
“Enquanto o risco de cancro para crianças com certos defeitos cromossómicos, como a síndrome de Down, está bem estabelecido, pouco se sabe sobre os riscos para crianças com defeitos congénitos onde não existe uma causa genética conhecida”, disse um dos investigadores principais, Philip Lupo.
“Os defeitos não-cromossómicos, como um grupo, afetam mais crianças, mas um dos principais desafios de compreender o risco entre essas crianças é que os tamanhos limitados das amostras tornam o estudo de defeitos específicos, como a espinha bífida, mais difíceis”.
“Os nossos dois principais objetivos neste estudo foram identificar crianças que estão em risco aumentado de desenvolver cancro, porque subgrupos dessas crianças podem um dia beneficiar do rastreamento e de um melhor controlo clínico e, por outro lado, descobrir o porquê de o cancro ocorrer com mais frequência nestas populações”, disse Jeremy Schraw, outro dos investigadores principais.
“Estas descobertas solidificam a nossa compreensão sobre o risco de cancro nestas crianças e mostram que precisamos de realizar pesquisas adicionais nesta área”, acrescentou.
Embora o estudo tenha encontrado uma forte ligação entre defeitos congénitos e o risco de cancro, os cientistas ressalvam que tanto os defeitos congénitos quanto os cancros infantis são raros.
“No futuro, esperamos identificar os genes específicos por trás destas associações e pesquisar sistematicamente o que acontece desde o momento do nascimento até o momento do início do cancro, para também entender se os fatores ambientais podem estar a contribuir para o desenvolvimento da doença”, disseram.
O estudo foi publicado na revista JAMA Oncology.
Fonte: Medical Xpress