O livro “Cuidados Paliativos Pediátricos – Percursos”, da autoria do pediatra Lincoln Justo da Silva e que conta com a colaboração de mais duas coautoras, Marta Brites, licenciada em Filosofia e com doutoramento em Bioética, e Maria José Ferrão, da área da Filosofia, aborda histórias e experiências de todos aqueles que lidam com a doença grave de uma criança.
O livro, apresentado recentemente, pretende mostrar que os cuidados paliativos pediátricos são “a vitória sobre a doença que não tem cura”, sublinhou Marta Brites, em declarações à Just News. A obra alerta também para a necessidade de se apostar mais nestes cuidados, “sem qualquer tabu em relação à palavra morte”, acrescenta Lincoln Justo da Silva.
Segundo indicou o pediatra, o livro foi lançado a pensar também nos profissionais de saúde, principalmente nos jovens estudantes das várias áreas de Saúde.
Lincoln Justo da Silva, que foi, durante vários anos, chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital de Santa Maria e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, explicou que é importante esclarecer o que são realmente os cuidados paliativos e que estes cuidados não são destinados apenas a doentes terminais.
“A maioria das pessoas acha que os cuidados paliativos são apenas para os casos terminais, mas estes cuidados são aqueles que se prestam para que se tenha a melhor vida possível, no tempo que nos resta”, afirmou, em declarações à Just News.
O pediatra chama também a atenção, nesta obra, para a vontade expressa da maioria das crianças e familiares que se debatem com uma doença terminal: o querer morrer em casa. Acrescenta ainda que os cuidados paliativos estão muito centrados no ambiente hospitalar e defende a assistência nesta área no meio domiciliar.
Marta Brites refere, por sua vez, que espera que os leitores vejam que os “cuidados paliativos pediátricos de excelência e humanistas são a vitória sobre a doença que não tem cura”.
A especialista considera que é importante ver que é possível vencer uma patologia, mesmo quando o fim pode estar próximo. “Tudo depende do humanismo. Não se trata de dar dias à vida, mas vida aos dias, ou seja, conta mais a intensidade e a qualidade do que a quantidade”, sublinha.
Maria José Ferrão afirma que, com este livro, pretendeu-se, adicionalmente, homenagear quem está a passar ou já passou por esta experiência, dando a conhecer os seus testemunhos. “São pessoas de norte a sul do país, autênticos heróis e heroínas que, apesar de tudo, vivem com alegria, resiliência e com uma enorme capacidade de ultrapassar a morte”, conclui.
Publicado pela editora By The Book, o livro foi apresentado nas XXVII Jornadas de Pediatria do Hospital de Santa Maria, que decorreram nos dias 24 e 25 de fevereiro, em Lisboa.
Fonte: JustNews