Crianças são rosto da exposição que assinala 40 anos da Pediatria do IPO do Porto

 A exposição “40 Anos, 40 Rostos de Esperança”, do Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Porto (IPO do Porto), foi inaugurada no passado sábado e, de acordo com a autora das fotografias, Andreia Barros, tem como objetivo “contrariar a ideia errada de que não se sai daqui vivo”.
 
Sofia Sousa e Andreia Barros são dois dos rostos de antigos doentes que dão a cara por cada um dos anos do Serviço de Pediatria da instituição que este ano assinala o seu 40.º aniversário.
“Com força e pensamento positivo, até o cancro conseguimos vencer” é assim que Sofia Sousa, de 16 anos, responde à questão do Público sobre “Como se cresce num local assim?”.
Muitas das crianças que passaram pelo serviço nos últimos 40 anos são “agora adultas, já têm filhos e uma carreira profissional” e veem o IPO do Porto como “uma segunda casa”.
Por ano, o instituto recebe, em média, 100 crianças, cuja taxa de sobrevivência ronda atualmente os cerca de 80%. Muitos dos rostos hoje retratados na exposição foi naquele espaço que viveram e brincaram durante parte da sua infância entre tratamentos e muitos exames.
As memórias são muitas, desde as dores aos momentos de angústia, mas também não se esquecem as brincadeiras, a cumplicidade e as alegrias e é com muita emoção que recordam “o carinho dos médicos, dos enfermeiros e das educadoras”, lembra Sofia Sousa.
“Por mais longa que seja a noite, o sol volta sempre para brilhar” é a frase que ainda hoje se destaca num móvel, com um aquário, na sala lúdica do Serviço de Pediatria. E para muitas destas crianças o sol voltou mesmo a brilhar e hoje são alunos brilhantes ou adultos, com filhos e um emprego.
“Acreditar” é outra das palavras que marcam o dia a dia daquele espaço, que surge gravada num dos desenhos coloridos das paredes do serviço, assinados pelos doentes.
A exposição que marca os 40 anos da exposição quer também transmitir uma mensagem de esperança para os pais e as crianças que passam pela Pediatria do IPO.
Andreia Barros é um rosto e também a autora desta exposição de fotografia que conta com 40 ex-doentes de cancro que passaram pelo Serviço de Pediatria e que contam histórias “com um final feliz”.
Os dias em que foi recriando e retratando as histórias destes heróis foram também uma oportunidade para “um reencontro de pessoas que já não se viam havia muitos anos e uma partilha de experiências.”
Armando Pinto, diretor daquele Serviço de Pediatria, reforça que o empenho relacional humano “é essencial num serviço que agora tem melhores instalações, meios auxiliares de diagnóstico e medicamentos, e tratamentos novos”.
“Há doentes, dos zero aos 18 anos, que andam aqui há dez anos a serem acompanhados”, diz Armando Pinto. “Um terço das crianças que surgem com cancro em Portugal tem menos de 5 anos de idade. E uma das características do cancro da criança é que são tumores de crescimento rápido”, indicou ao Público.
Bernardo Sodré, pediatra e o então primeiro e único médico do serviço de Pediatria do IPO do Porto, em 1977, foi o fundador desta unidade que, recorda, começou com um gabinete de enfermagem, dois consultórios e um hospital de dia, distribuídos por 50 m2. “Sob a minha responsabilidade estiveram duas mil crianças ao longo dos 27 anos à frente do serviço”.
Este artigo foi úlil para si?
SimNão

Deixe um comentário

Newsletter