Novos estudos sugerem que crianças que vivem perto de poços de petróleo e gás têm cinco a sete vezes mais probabilidades de desenvolver linfoma. Depois de terem sido registados dezenas de casos de cancro infantil no sudoeste da Pensilvânia, nos Estados Unidos, em 2019, as autoridades estaduais de saúde avançaram com vários estudos para averiguar se este facto não estava relacionado com a existência de poços de extração de petróleo e gás na região, próximo a zonas residenciais.
Cientistas da Universidade de Pittsburgh, que lideraram os estudos, revelaram agora ter encontrado evidências de que crianças que vivem perto de zonas com poços de extração de petróleo e gás têm cinco a sete vezes mais probabilidades de desenvolver um linfoma. Eles também descobriram que há um risco muito maior de as crianças terem crises de asma e redução do peso ao nascer.
Os oito condados norte-americanos localizados no sudoeste da Pensilvânia compreendem uma das regiões produtoras de combustíveis fósseis mais importantes do país. E o número de poços de extração de petróleo e gás na região aumentou mais de dez vezes nas últimas duas décadas.
Embora estudos anteriores tenham identificado vários produtos químicos usados neste tipo de extração como cancerígenos – entre eles o formaldeído, cromo hexavalente, benzeno e óxido de etileno – a literatura científica que associa de forma direta este tipo de extração a resultados adversos para a saúde pública ainda está em desenvolvimento. Agora, os estudos divulgados sobre este caso nos Estados Unidos ajudaram a preencher essa lacuna usando registos médicos existentes do Departamento de Saúde da Pensilvânia.
Os autores analisaram dados de incidência de cancro entre 2010 e 2019, que incluíram 498 casos de crianças nascidas e diagnosticadas com cancro na área de estudo composta por oito condados. Dos quatro tipos de cancro analisados, os cientistas encontraram evidências significativas de que as crianças que vivem até cinco milhas de um poço de petróleo e gás ativo tinham cinco a sete vezes mais probabilidade de desenvolver linfoma. Eles não encontraram evidências de que outros três tipos de cancro infantil – leucemia, tumores cerebrais e cancro ósseo – estivessem associados a viver na proximidade desses poços.
No entanto, o cientista James Fabisiak, autor dos três estudos divulgados esta semana, sublinhou que isso não significa que uma relação com esses tipos de cancro possa ser descartada. Por exemplo, um outro estudo realizado pela Universidade de Yale no ano passado encontrou uma ligação entre viver perto desses poços e um subtipo de leucemia em crianças com dois a sete anos de idade.
Os estudos não foram capazes de identificar qual perigo específico relacionado com as atividades nos poços de petróleo e gás causou os efeitos adversos à saúde observados no sudoeste da Pensilvânia, mas tem como base investigações que documentam a relação entre o desenvolvimento de combustíveis fósseis e defeitos congénitos em outras partes do mundo.
Os cientistas afirmaram ser necessário realizar mais estudos para consolidar as descobertas destas investigações e uma relação direta entre viver próximo de poços de petróleo e gás e os problemas de saúde reportados.
Fonte: Grist