Crianças hispânicas sub-representadas em ensaios de oncologia pediátrica

Um estudo recente aponta para uma sub-representação de pacientes hispânicos e crianças de 0 a 4 anos em ensaios clínicos de fase I.
As conclusões da meta-análise indicam ainda que crianças com doenças malignas linfoematopoiéticas também aparecem sub-representadas, enquanto as crianças com tumores sólidos estão sobre-representadas.
Aproximadamente 60% dos doentes com cancro pediátricos participam em ensaios clínicos de todas as fases; no entanto, existem dados limitados sobre a sua representação racial, étnica e baseada na idade em populações experimentais.
Rebecca D. Pentz, da Escola de Medicina da Universidade Emory, nos Estados Unidos, sublinha, no entanto, que alguns grupos continuam a estar sub-representados, em particular as crianças latino-americanas.
A pesquisa avaliou conjuntos de dados de ensaios clínicos de fase I realizados entre 2000 e 2008 pelo Grupo de Oncologia em Crianças e pelo Consórcio de Cancro Cerebral Pediátrico. Estes dados representaram 1 348 crianças com doenças malignas, 128 linfoematopoiéticas ou sólidos tumorais.
Os dados incluíram etnias, datas de nascimento, do diagnóstico e da inscrição no ensaio. Os pesquisadores dividiram os pacientes em quatro grupos etários: 0 a 4 anos, 5 a 9 anos, 10 a 14 anos e de 15 a 19 anos.
A equipa recorreu ainda ao banco de dados SEER para estabelecer proporções de idade, raça, etnia e sexo de 27 766 crianças que faziam parte da mesma classificação internacional para doenças de oncologia.
Os tumores sólidos representaram 63% dos diagnósticos de cancro pediátrico e as doenças malignas linfoematopoiéticas 36,7% dos diagnósticos apurados nos Estados Unidos durante o período do estudo.
A maior proporção esperada de cancros ocorreu em crianças dos 0 aos 4 anos (36,5%), seguida por jovens com idades entre os 15 e os 19 anos (25%). Os meninos representaram uma maior proporção esperada de diagnósticos do que as raparigas (56% contra 44%). 
Os pesquisadores compararam os dados com os de crianças matriculadas em ensaios clínicos de fase 2 e concluíram que existia uma sobre-representação significativa de pacientes com tumores sólidos nos ensaios de fase I, enquanto os pacientes com doenças malignas linfoematopoiéticas foram significativamente sub-representados (9,3% contra 37%).
As crianças hispânicas também participavam menos nos ensaios de tumores sólidos (12% contra 24%) e linfoematopoiéticos (19,4% vs. 33%). Este foi o grupo étnico mais sub-representado em termos gerais (2%).
“Tendo em conta estes resultados consistentes, mais pesquisas precisam de ser feitas para determinar as barreiras encontradas por crianças hispânicas nos ensaios clínicos, para que essas barreiras possam ser direcionadas”, indicou Rebecca D. Pentz.

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