COVID-19: crianças com cancro não estão em maior risco de infeção grave, defende nova investigação

Os resultados da primeira investigação realizada pelo Reino Unido em crianças com cancro que testaram positivo para a COVID-19 revelaram que estes pacientes não parecem ter um risco aumentado de infeção grave por COVID-19, em comparação com crianças saudáveis.

A investigação, levada a cabo por cientistas da Universidade de Birmingham e pela Universidade de Manchester, analisou a gravidade da infeção por COVID-19 em crianças com cancro.

Os resultados, publicados no British Journal of Cancer, descobriram que a maioria dos pacientes com cancro diagnosticados com o novo coronavírus tiveram infeções leves ou eram assintomáticos.

De todas as crianças com cancro analisadas, nenhuma morreu de COVID-19; por outro lado, apenas 5% necessitou de suporte de terapia intensiva.

Com início em abril, este trabalho, denominado UK Paediatric Coronavirus Cancer Monitoring Project, foi desenvolvido com o objetivo de recolher dados, em tempo real, sobre todas as crianças com cancro no Reino Unido que, na admissão ao hospital, tivessem testado positivo para a COVID-19.

Pouco antes, o mesmo trabalho tinha sido desenvolvido pela Universidade de Birmingham, mas em pacientes oncológicos adultos.

“Observámos que muito poucas crianças com cancro foram infetadas com COVID-19 grave”, afirmou o investigador Martin Mccabe, da Universidade de Manchester.

“Além disso”, continuou, “também conseguimos verificar que taxa de infeção grave não foi maior em crianças submetidas a tratamento oncológico do que na população infantil em geral”.

Segundo o investigador, o estudo forneceu fortes evidências de que “devemos continuar a tratar o cancro infantil durante a pandemia, como sempre fizemos até aqui”.

Projetado em cooperação com o Children’s Cancer and Leukaemia Group, o projeto permitiu que todos os centros ingleses que cuidam de crianças com cancro se inscrevessem na investigação.

As organizações parceiras envolvidas na supervisão do projeto incluem a Public Health England, e as universidades de Manchester, Leeds, York e Nottingham.

“A pandemia de SARS-CoV-2 tem sido um período muito preocupante para crianças com cancro e para as suas famílias. Neste estudo, todos os centros de tratamento de cancro infantil do Reino Unido forneceram dados em tempo real sobre as infeções por SARS-CoV-2 e podemos dizer que os resultados são altamente tranquilizadores”, afirmou Martin Mccabe.

O discurso foi partilhado pelo principal autor da investigação, Gerard Millen, da Universidade de Birmingham.

“A pandemia da COVID-19 espalhou-se rapidamente no início de 2020 e, com ela, surgiram várias preocupações sobre a gravidade da infeção em pacientes com cancro. Embora as crianças em geral pareçam ser menos gravemente afetadas, pouco se sabia sobre os efeitos deste vírus em crianças com cancro. Agora, os nossos resultados devem servir para tranquilizar os pais, uma vez que, pelo que pudemos apurar, as crianças com cancro não correm um maior risco de desenvolver sintomas graves de COVID-19, quando comparadas a crianças saudáveis”.

Já Ashley Gamble, CEO do Children’s Cancer and Leukaemia Group afirmou que a instituição está orgulhosa por ter podido “apoiar este projeto vital, que nos permitiu compreender melhor o impacto da COVID-19 em crianças e jovens com cancro”.

Fonte: University of Manchester

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