COVID-19 aumenta sensação de ansiedade e angústia em pais e cuidadores de crianças com cancro

A pandemia da COVID-19 agonizou vários problemas já sentidos por pais e cuidadores de crianças com cancro, seja a nível financeiro ou psicológico, de acordo com uma investigação realizada pela Universidade Duke, nos Estados Unidos.

Ao analisarem 360 pais e cuidadores de crianças atualmente em tratamento oncológico ou que continuam a ser monitorizadas, investigadores descobriram que metade teve de cancelar ou adiar consultas, 77% relataram um aumento nos níveis de ansiedade e, em pessoas que perderam os seus empregos, 11% teve dificuldade em conseguir suprimir necessidades básicas.

Os resultados da investigação foram publicados na revista Pediatric Blood & Cancer.

“Os pais e cuidadores de crianças com cancro, por si só, já se encontram sob um stress imenso. E, embora a pandemia nos tenha afetado a todos, o isolamento, a perda de empregos, a redução de salários, o encerramento das escolas e outros efeitos da pandemia afetaram de forma especialmente grave as famílias cujos filhos foram diagnosticados com cancro”, referiu Kyle Walsh, principal autor da investigação.

Os cientistas conduziram uma investigação que passou por um questionário de 13 perguntas, realizado nos primeiros meses da pandemia, entre abril e maio de 2020, em parceria com a Alex’s Lemonade Stand Foundation, uma instituição que mantém um registo voluntário de famílias que têm filhos com cancro.

Entre os que responderam, pouco mais da metade tinha filhos atualmente em tratamento ou ainda sob vigilância.

De acordo com os investigadores, 50% dos cuidadores relataram ter sido obrigados a adiar ou a cancelar consultas; 26% disseram ter visto as suas consultas presenciais serem atualizadas para teleconsultas; 9% relataram ter sentido desafios logísticos ao viajar para compromissos de saúde.

Num âmbito diferente, 28% relataram ter perdido o seu emprego devido á pandemia, sendo que 11% tiveram dificuldade em pagar necessidades básicas, incluindo cuidados médicos relacionados com a saúde dos filhos (5%).

A nível psicológico, 64% relataram sentir-se mais tristes ou deprimidos e 77% relataram um aumento nos níveis de sensação de ansiedade, muitas vezes causado pelo isolamento e dificuldades financeiras.

As preocupações adicionais concentraram-se na forma como a COVID-19 poderia afetar especificamente as crianças cujos sistemas imunitários já estavam enfraquecidos pelos tratamentos oncológicos e se rotinas adicionais de limpeza e desinfeção seriam suficientemente protetoras.

Segundo os investigadores, estas informações poderão ser úteis para determinar formas de melhorar o alcance e o apoio social necessários para pacientes pediátricos com cancro e suas famílias.

“Como disse, sabemos que esta pandemia trouxe níveis aumentados de stress e angústia a praticamente toda a população. Mas estas pessoas, estes pais, estes cuidadores e estas crianças estão perante um risco ainda maior. E temos que fazer um esforço mais concentrado para identificar e aliviar essa angústia da melhor maneira possível.”

Fonte: Eurekalert

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