Controlo do cancro infantil: OMS quer impulsionar o progresso na Região do Mediterrâneo Oriental

Globalmente, mais de 400 000 crianças e adolescentes com idades compreendidas entre os zero e os 19 anos são diagnosticados com cancro todos os anos. As estimativas mais recentes do Observatório Mundial do Cancro para a região do Mediterrâneo Oriental da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que ocorreram cerca de 36 000 novos casos de cancro pediátrico e 16 500 mortes em 2022.

Especialistas de todos os países e territórios da Região, parceiros internacionais e colegas de vários escritórios regionais da OMS reuniram-se na semana passada para acelerar a ação de luta contra o cancro infantil. Em causa esteve um workshop de dois dias sobre o tema “Capacitar o progresso: reforçar a implementação da Iniciativa Global da OMS para o Cancro Infantil na Região do Mediterrâneo Oriental”.

Já se passaram cinco anos desde que a OMS lançou a Iniciativa Global para o Cancro Infantil (GICC), com o apoio técnico e financeiro do St Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos. O workshop teve como objetivo principal fazer um balanço das lições aprendidas, enriquecer a compreensão e combinar esforços para dar prioridade ao cancro infantil em toda a Região. Ao implementar o GICC, os países e territórios podem contribuir substancialmente para alcançar a meta 3.4 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, de reduzir a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis em um terço até 2030.

O cancro infantil está a aumentar o fardo crescente de doenças entre as crianças em todo o mundo, e os números reais de casos e mortes são significativamente superiores às estimativas. Ao contrário do cancro na idade adulta, os fatores que contribuem para o cancro infantil são mal compreendidos e apenas uma pequena fração dos cancros infantis pode ser prevenida.

Até agora, sete países e territórios prioritários da Região aderiram ao GICC: Egito, Jordânia, Líbano, Marrocos, território palestiniano ocupado, Paquistão e Síria. Os países em foco são aqueles que se comprometeram a intensificar as intervenções para aumentar a taxa de sobrevivência global das crianças com cancro, em linha com o pacote técnico CureAll da OMS. Os representantes da OMS e dos ministérios da saúde dos sete países/territórios foco, bem como do Iraque e de Omã, partilharam as suas experiências com os participantes e incentivaram outros a aderirem ao GICC.

Os participantes discutiram os obstáculos ao controlo do cancro infantil na região do Mediterrâneo Oriental. Pelo menos metade dos países e territórios são afetados pelos impactos de conflitos, catástrofes naturais, instabilidade política e crises económicas.

O cancro infantil ainda é visto como um problema de saúde de nicho, dada a sua incidência relativamente baixa em comparação com outros cancros ou doenças. Além disso, o cancro em geral é visto como um problema de saúde pública assustador, dado o investimento relativamente elevado necessário para iniciar e manter programas relevantes.

Para superar estes desafios, a OMS trabalha com parceiros e partes interessadas para reforçar os sistemas nacionais de saúde para melhorar os cuidados do cancro infantil e para garantir a sustentabilidade a longo prazo dos programas nacionais de cancro infantil, através de uma mobilização eficaz e ampla de recursos.

O objetivo do GICC é alcançar uma taxa de sobrevivência global de pelo menos 60% para crianças com cancro – um objetivo ambicioso, especialmente na região do Mediterrâneo Oriental, onde os sistemas de saúde estão sob pressão. É crucial melhorar os sistemas de saúde para progredir no sentido de atingir este objetivo e garantir que nenhuma criança seja deixada para trás. Alcançar este objectivo é possível, acreditam.

Plataforma Global para Acesso a Medicamentos contra o Cancro Infantil

A colaboração do GICC e o impacto significativo das parcerias da OMS com a Childhood Cancer International, o Pediatric Oncology East and Mediterranean Group e a International Society of Pediatric Oncology mostram o poder do esforço coletivo e da experiência partilhada no avanço da causa dos cuidados do cancro infantil.

Mesmo no meio da guerra em curso no território palestiniano ocupado, a OMS e os seus parceiros conseguiram adquirir medicamentos oncológicos pediátricos vitais e apoiar a evacuação de crianças com cancro e das suas famílias da Faixa de Gaza para o Egito e a Jordânia.

Os participantes também falaram sobre os próximos passos do GICC, incluindo o lançamento da Plataforma Global para Acesso a Medicamentos contra o Cancro Infantil. Esta inovação ajudará a garantir que todas as crianças que necessitam de medicamentos essenciais contra o cancro possam ter acesso aos mesmos, independentemente do seu país de nascimento.

Fonte: OMS

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