Investigadores do St. Jude Children’s Research Hospital foram capazes de categorizar e identificar o mecanismo subjacente às fusões oncogénicas em células cancerígenas pediátricas.
Em cobaias animais, a equipa mostrou que o direcionamento de fusões oncogénicas – que conduzem ao desenvolvimento do cancro – com ferramentas de edição do genoma, como o CRISPR, tem o potencial de curar alguns tumores.
As descobertas foram publicadas na revista Nature Communications.
“As fusões oncogénicas formadas por meio de rearranjos cromossómicos são ‘marcas registadas’ do cancro infantil que definem o subtipo de cancro, predizem o resultado, persistem durante o tratamento e podem ser alvos terapêuticos ideais”, explicaram os cientistas.
“No entanto, a compreensão mecanicista da etiologia das fusões oncogénicas permanece indefinida. Neste estudo, conseguimos relatar uma deteção abrangente de 272 pares de genes de fusão oncogénica usando dados de sequenciamento de transcriptoma tumoral de 5 190 pacientes com cancro infantil. Identificámos diversos fatores, incluindo estrutura de tradução, domínio de proteína, splicing e comprimento do gene, que moldam a formação de fusões oncogénicas. A nossa modelagem matemática revelou uma forte ligação entre a pressão de seleção diferencial e o resultado clínico no CBFB-MYH11.”
“Ao catalogar os mecanismos subjacentes, demos a outros cientistas a capacidade de estudar as fusões com mais detalhes. Agora está bem estabelecido que as oncoproteínas de fusão levam ao desenvolvimento muitos tipos de cancros pediátricos”, explicou um dos autores, Jeffery Klco.
“O nosso laboratório caracterizou de forma abrangente todo o espectro de fusões oncogénicas no cancro infantil Assim, conseguimos fornecer à comunidade um ótimo recurso que pode ser extraído para desenvolver testes clínicos mais preditivos, ao mesmo tempo em que sugere possíveis estratégias terapêuticas para alguns tipos de tumor. Este será um estudo extremamente impactante.”
A nova ferramenta do St. Jude Children’s Research Hospital estabelece uma base para o uso da edição do genoma para a cura do cancro – as mutações que causam a fusão dos genes estão presentes apenas nas células cancerígenas. Isso significa que uma ferramenta de engenharia genética altamente específica, como o sistema CRISPR-Cas9, pode cortar seletivamente o gene de fusão nas células cancerígenas, o que remove a sua capacidade de produzir a proteína híbrida.
“A sequência específica do gene de fusão só existe em células cancerígenas”, afirmou Yanling Liu, o principal autor do estudo.
“Não atingiria nenhuma célula normal. Usámos o CRISPR-Cas9 para perturbar os alelos específicos de fusão em duas linhagens de células cancerígenas e conseguimos eliminá-las”.
Segundo outra das autoras, Shondra Pruett-Miller, a investigação foi “capaz de demonstrar o potencial terapêutico da edição do genoma usando CRISPR-Cas9 e modelos de linha celular de cancro in vitro. Acreditamos que esta é apenas a ponta do iceberg em termos de como podemos aproveitar o poder da edição do genoma para direcionar estas oncofusões”.
Os resultados da investigação demonstraram que a ferramenta pode ser utilizada para previsões clínicas, o que ajudará os médicos a escolher tratamentos mais personalizados e eficazes para os pacientes no futuro.
Fonte: Gen Edge News