A leucemia linfoblástica aguda é a forma de cancro mais comummente diagnosticada em crianças.
Apesar de uma taxa de sobrevivência de cerca de 80%, cientistas Universidade de Zurique e do Hospital Infantil da Universidade de Zurique, na Suíça, quiseram descobrir mais sobre esta doença de forma a tentar desenvolver uma maneira de impedir a força motriz por trás deste tipo de leucemia.
A leucemia linfoblástica aguda afeta principalmente crianças e jovens, e está associada a grandes quantidades de células progenitoras malignas que se acumulam no sangue de uma pessoa em vez de glóbulos brancos saudáveis.
Esse processo é, geralmente, causado por uma alteração no material genético, com a fusão de dois cromossomas a criar novos genes anómalos que interrompem o sistema que controla o desenvolvimento normal do sangue.
Alguns tipos leucemia linfoblástica aguda são extremamente agressivos e resistentes aos tratamentos, incluindo quimioterapia intensiva ou transplante de células estaminais.
Na procura de novas maneiras para lidar com esta problemática, os cientistas tentaram examinar as causas moleculares desse distúrbio.
Primeiramente, os investigadores analisaram uma proteína chamada TCF3-HLF, que normalmente está associada a este tipo de leucemia. Esta proteína não ocorre naturalmente; é produzida através da fusão de dois cromossomas e contém elementos conhecidos como fatores de transcrição, que ativam a transcrição de certos genes.
As análises revelaram que a TCF3-HLF também ativa toda uma gama de genes, mas fá-lo no contexto errado e no ponto errado no processo de desenvolvimento do sangue, o que desencadeia a formação de glóbulos brancos malignos e causa leucemia.
“A nossa pesquisa mostra que esta proteína se associa a quase 500 elementos reguladores no material genético das células da leucemia humana, ativando centenas de genes por engano”, explicou Yun Huang, principal autor do estudo.
A investigação também descobriu que a TCF3-HLF não age isoladamente, reunindo mais de 100 outras proteínas ao seu redor, que a ajudam a ativar os genes.
Os cientistas investigaram a função das proteínas individuais nesse mecanismo genético e utilizaram as informações recolhidas para identificar os principais elementos que podem ser direcionados através da terapia; durante o processo, foi utilizada a técnica CRISPR / Cas9, de forma a destacar peças específicas.
Como resultado, os cientistas conseguiram encontrar onze fatores críticos que são cruciais para a acumulação de células sanguíneas anómalas malignas, que causa a leucemia.
Um dos componentes essenciais agora identificados é a proteína EP300, um cofator que aumenta a ativação do gene.
Uma experiência em ratos indicou que a EP300 poderia ser um alvo muito promissor para o desenvolvimento de uma nova terapia; aqui, os cientistas usaram um novo tipo de substância, intitulada A-485, que é conhecida por se associar à proteína EP300, inibindo a sua atividade. Quando a A-485 foi administrada em ratos portadores de células de leucemia humana, as células malignas foram eliminadas.
“Ou seja, acreditamos que, em princípio, é possível interromper diretamente a força motriz por trás desta leucemia e, assim, desenvolver um novo tipo específico de terapia”, afirmam os cientistas.
Fonte: Medical Xpress