Se hoje em dia, a COVID-19 faz manchetes por todo o mundo, há não muito tempo era o vírus Zika que dominava as atenções. Agora, uma equipa de cientistas estão a tentar utilizar o vírus Zika para tratar um tipo bastante agressivo de cancro infantil: o neuroblastoma.
O neuroblastoma é um dos tipos de cancro mais comummente diagnosticado em crianças com menos de 1 ano. Na maioria das vezes, cerca de 2 em cada 3 casos apresentam metástases no momento do diagnóstico.
“Ainda hoje, quando alguém fala do vírus Zika, o sentimento geral é de medo”, explicou Tamarah Westmoreland, médica no Nemours Children’s Hospital e docente na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos.
Este vírus, que se transmite através de mosquitos infetados e pode causar malformações congénitas em filhos de mulheres grávidas, pode vir agora ser uma nova esperança para crianças com cancro.
“Estudos mostram que existe uma série de cancros que podem ser passíveis de tratamento com o vírus Zika”, explicou Kenneth Alexander, um médico que também exerce funções no Nemours Children’s Hospital.
Um desses cancros é o neuroblastoma, que tem início nas células nervosas das crianças e que, “quando diagnosticado em estágio 4 ou sendo um neuroblastoma de alto risco, tem uma taxa de sobrevivência de apenas cerca de 40%, mesmo com tratamento intensivo”.
Num estudo recente, cientistas injetaram vírus Zika em ratos com tumores de neuroblastoma; o que se observou foi que o vírus se associou a uma proteína específica das células cancerígenas, sem que isso afetasse as células saudáveis.
“Aproximadamente 90% das células de neuroblastoma foram eliminadas com uma única injeção”, afirmaram os cientistas.
Apesar de a ideia de injetar vírus Zika poder “parecer assustadora, a verdade é que a maioria das pessoas, depois de nascer, é bastante resistente à infeção por este vírus, com a exceção, de acordo com os resultados, de tumores”.
De momento, a equipa está focada em aperfeiçoar as dosagens e em identificar quais os os tipos de cancro que o vírus Zika ataca com eficácia. Para além do neuroblastoma, os investigadores acreditam que este tratamento também pode ser eficaz contra tumores cerebrais.
Fonte: WMC