Cientistas tentam melhorar eficácia de terapia CAR T em crianças com leucemia

Investigadores da University College London e do Great Ormond Street Hospital, ambos no Reino Unido, descobriram, após terem analisado a eficácia das terapias com células CAR T em crianças com leucemia, que existe um pequeno subconjunto de células T que, muito provavelmente, desempenham um papel fundamental para que o tratamento seja bem-sucedido.

Essas células foram muito importantes tanto no processo de eliminação do cancro quanto na “vigilância imunitária de longo prazo”.

“Acreditamos que, ao explorarmos esta vertente, podemos melhorar ainda mais o desempenho das terapias CAR T”, disseram os cientistas, em declarações à revista Nature Cancer.

“Durante os ensaios clínicos, conseguimos observar alguns resultados muito encorajadores em pacientes jovens com leucemia. Vimos que, em alguns pacientes, as células T continuam presentes durante muitos anos, o que impede a recidiva. A razão de isso acontecer ainda não está totalmente clara para nós, mas queremos descobrir”.

Segundo os cientistas, para garantir que um tratamento contra a leucemia funcione, “qualquer terapia com células CAR T deve ter um efeito prolongado na maneira como o corpo reconhece e elimina as células cancerígenas. Neste estudo, tentámos encontrar a origem e a natureza das células T que controlam as respostas a longo prazo”.

Na terapia CAR T, as células imunes (células T) são geneticamente modificadas para conter uma molécula chamada recetor de antígeno quimérico (CAR) na sua superfície, de forma a que possam reconhecer especificamente as células cancerígenas.

Os cientistas avaliaram as células T do CAR de pacientes envolvidos num estudo de fase I, intitulado CARPALL, onde foi usada uma nova molécula do CAR, designada de CAT-19, para o tratamento de crianças com leucemia linfoblástica aguda.

A equipa comparou as células CAR T de pacientes que ainda tinham células CAR T detetáveis ​​no sangue mais de 2 anos após o tratamento, com indivíduos que perderam as suas células CAR T entre 1 a 2 meses após o tratamento.

Usando uma técnica inovadora, ao qual foi dado o nome de “código de barras do local de inserção”, os cientistas foram capazes de estudar o destino de diferentes tipos de células CAR T em pacientes após a administração.

“Ao usarmos esta técnica, fomos capazes de ver que um subconjunto de células T pode desempenhar um papel central, tanto durante a resposta anti leucémica inicial, quanto durante a fase de vigilância imunitária posterior, onde o corpo reconhece e destrói as células cancerígenas”, disse um dos investigadores envolvidos no estudo, Persis Amrolia, sugerindo que “este pequeno subgrupo de células T é fundamental para o sucesso a longo prazo da terapia CAR T”.

Segundo os cientistas, esta investigação indica, após serem sujeitos à terapia CAR T, os pacientes devem ser analisados quanto à quantidade e tipo de células CAR T presentes no seu corpo; desta forma, dizem, “será possível saber o quão evitável é o risco de recidiva”.

Num futuro próximo, os cientistas planeiam dar início a novos (e maiores) ensaios clínicos, de forma a que as descobertas feitas durante esta investigação sejam confirmadas.

“Esta investigação deu-nos a conhecer novos caminhos, caminhos esses que podemos utilizar para melhorar o desempenho da terapia com células CAR T, de forma a alcançarmos uma combinação de eliminação precoce do tumor e proteção a longo prazo contra recidivas em pacientes com leucemia”.

Fonte: Eurekalert

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