A toma de altas doses de um medicamento chamado ifosfamida é a melhor forma de tratar um tipo de cancro infantil que afeta ossos e tecidos moles, em comparação com três outros tratamentos, segundo cientistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido.
Martin McCabe, principal autor da investigação e professor de Oncologia Pediátrica e Adolescente na Universidade de Manchester, apresentou os resultados de um trabalho sobre o sarcoma de Ewing, recorrente e refratário, durante o evento anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) de 2022.
A atual taxa de sobrevivência a 5 anos de pacientes com sarcoma de Ewing recorrente e primário refratário é de cerca de 15%. Os tumores de Ewing são incomuns, pois apenas cerca de 60 crianças e jovens são diagnosticados com a doença no Reino Unido, a cada ano.
Até à data, não existe um tratamento padrão para o sarcoma de Ewing recorrente – esta investigação avaliou quatro regimes de quimioterapia comummente usados nesta doença para ver qual é o melhor, embora dois tenham sido eliminados do estudo em 2019 e 2020 porque não foram tão eficazes.
Através de uma análise que comparou o uso de ifosfamida e de topotecano em combinação com ciclofosfamida, os cientistas mostraram que o período que os pacientes permaneceram livres de progressão ou segundas malignidades após o registo do estudo foi de 5,7 meses para ifosfamida comparado a 3,7 meses para a combinação de topotecano e ciclofosfamida.
A média da sobrevivência global dos pacientes foi de 16,8 meses para aqueles que receberam ifosfamida em comparação com 10,4 meses para aqueles que receberam a combinação.
Segundo os investigadores, este foi o primeiro estudo, realizado em 451 pacientes, a comparar diferentes tratamentos quimioterápicos para a doença.
“Esta investigação acumulou, pela primeira vez, dados randomizados para quatro regimes de quimioterapia amplamente utilizados e agora está a analisar dados de um quinto regime. Antes do estudo, a base para a escolha de medicamentos para pacientes com sarcoma de Ewing recidivante ou refratário era diminuta e carecia de ensaios randomizados para informar os médicos ou pacientes sobre quais os tratamentos mais eficazes e/ou mais tóxicos”, explicou Martin McCabe
Apesar dos melhores resultados em alguns parâmetros, a ifosfamida teve também uma maior taxa de toxicidade cerebral e renal do que a combinação de topotecano e ciclofosfamida. Ambos os regimes de tratamento apresentaram taxas semelhantes de neutropenia febril.
Ao nível da qualidade de vida, o tratamento com ifosfamida foi mais benéfico em crianças, mas o mesmo não e verificou quando os pacientes atingiram a idade adulta.
Fonte: Universidade de Manchester