O rabdomiossarcoma é um tumor maligno e o sarcoma de tecidos moles mais comummente diagnosticado em crianças; contudo, em comparação com outros tipos de cancros pediátricos, ainda pouco se sabe sobre a suscetibilidade genética desta doença.
Recentemente, cientistas do Baylor College of Medicine deram início a uma investigação com o objetivo de levar a cabo a maior avaliação genómica de crianças com rabdomiossarcoma para que fosse possível determinar a prevalência de alterações genéticas que resultam na predisposição a este cancro.
Os resultados foram publicados no Journal of the National Cancer Institute.
O estudo incluiu 615 pacientes com rabdomiossarcoma recém-diagnosticado em várias instituições dos Estados Unidos; os investigadores analisaram dados de sequenciamento de exoma total do ADN herdado desses pacientes para determinar a prevalência de variantes clinicamente significativas em genes de predisposição ao cancro em comparação com um grupo de controlo de quase 10 mil indivíduos.
Os resultados mostraram que 7,3% dos pacientes com rabdomiossarcoma tinham alterações clinicamente significativas nos genes de predisposição ao cancro, em comparação com 1,4% do grupo de controlo.
“O nosso estudo”, referem os investigadores, “destaca a utilidade de sequenciar um grande número de crianças com diagnóstico de cancro para identificar esses tipos de alterações, denominadas variantes patogénicas”.
Para Philip Lupo, um dos cientistas envolvidos no estudo, “compreender a frequência dessas variantes em crianças com rabdomiossarcoma pode influenciar estratégias para testes genéticos e vigilância futura de pacientes com uma variante patogénica, já que algumas dessas variantes podem predispor crianças a múltiplos cancros mais tarde na vida”.
Os investigadores também procuraram identificar se as variantes de predisposição ao cancro variavam por subtipo de tumor – embrionário ou alveolar – e idade do paciente. Na análise de subtipo de tumor, a equipa descobriu que os pacientes com rabdomiossarcoma embrionário eram significativamente mais propensos a ter variantes de predisposição ao cancro do que os pacientes com rabdomiossarcoma alveolar (10% em comparação com 3%).
Além disso, enquanto as crianças mais novas eram mais propensas a ter variantes de predisposição ao cancro, essas descobertas não se limitaram a pacientes de 3 anos de idade ou menos, como esperado anteriormente.
“Estes resultados podem mudar as nossas decisões atuais sobre quando oferecer testes genéticos para crianças com rabdomiossarcoma, que agora se concentram em pacientes muito jovens”, afirmou Sharon Plon, outra das cientistas envolvidas.
Em termos de genes específicos, as análises mostraram variantes em genes previamente relatados como importantes para o rabdomiossarcoma, incluindo TP53, NF1 e HRAS. No entanto, também houve “descobertas notáveis” ao nível de outros genes, incluindo BRCA2, que foi encontrado com mais frequência nos pacientes com rabdomiossarcoma em comparação com os controlos.
“Atualmente, há um número limitado de genes que são considerados os causadores de rabdomiossarcoma pediátrico. Mas nosso estudo aponta para novos genes a serem considerados. Por exemplo, descobrimos que o gene BRCA2, normalmente associado ao cancro da mama e dos ovários, também pode influenciar de alguma forma a suscetibilidade do rabdomiossarcoma”, explicaram os cientistas.
No futuro, os cientistas querem mover levar a sua investigação para além da lista de genes conhecidos de predisposição ao cancro.
Recentemente, a equipa recebeu um importante financiamento do National Institutes of Health para realizar o sequenciamento do genoma completo no ADN hereditário e tumoral de uma amostra maior de pacientes.
A equipa também espera que este trabalho dê origem a novas investigações que tentem examinar se essas variantes patogénicas podem ter impacto os resultados dos pacientes, incluindo a resposta à terapia, a probabilidade de recidiva e de sobrevivência.
Fonte: Bailor College of Medicine