As células cancerígenas têm uma maneira muito especial de “enganar” o sistema imunitário fazendo-o pensar que pertencem ao nosso corpo – algo que, muitas vezes, torna o tratamento mais complicado.
Mas agora, uma equipa de investigadores está a trabalhar no desenvolvimento de novas formas de imunoterapia que funcionarão como vacinas em jovens pacientes com cancro.
A investigação está a ser realizada por uma equipa da Cumming School of Medicine, parte integrante da Universidade de Calgary, no Canadá. Contudo, estes cientistas não estão “sozinhos”: ao seu dispor estão “poderosíssimos computadores que nos permitem, não só, interagir com outros investigadores, como também nos ajudam a descobrir e a solucionar problema mais complexos”.
“O nosso ADN é muito extenso. As pessoas não têm noção, mas se fossemos capazes de pegar no nosso ADN, que é o material genético, e o esticássemos, isso seria o equivalente a fazermos 150 mil viagens de ida e volta à lua. Impressionante, não é?”, explica o líder da equipa, o médico Aru Narendran.
“Assim, e tendo em conta toda a complexidade desta investigação, dispomos de computadores e tecnologia de bioinformática que nos permitem analisar todas as informações possíveis para fazermos as descobertas que precisamos de fazer.”
Aru Narendran é um cientista focado em investigações na área da oncologia pediátrica; paralelamente, também exerce funções enquanto oncologista pediátrico.
“Fico muito afetado, quando percebo que não posso ajudar mais as crianças com cancro que chegam até mim. A minha missão é salvar-lhes a vida, e quando isso não acontece…”
Por esse motivo, Aru incentiva a sua equipa a fazer cada vez mais e melhor, “a fazer de forma diferente, olhando para todos os ângulos possíveis.”
“Neste momento, estamos a tentar criar novos medicamentos, novas formas de tratamento novas formas de estimular o sistema imunitário a combater a doença. Queremos ajudar o sistema imunitário, de forma a que ele seja capaz de encontrar as células cancerígenas que se conseguem camuflar”.
Aru relembra que o cancro infantil é uma doença muito rara, que afeta cerca de 150 crianças em 1 milhão.
“É muito difícil dizer a um pai que não temos qualquer tratamento para o seu filho. E isso é o que nos motiva neste grupo de trabalho – queremos poder dizer a todos os pais: ‘Olhe, sabe de uma coisa? Vamos curar o seu filho!’”
O especialista explica que, até agora, os cientistas aprenderam a atacar as células cancerígenas de vários ângulos com mais do que um tratamento – para além da quimioterapia, da radioterapia e da cirurgia, os cientistas da Universidade de Calgary e de outros centros espalhados por todo o mundo estão agora a tentar desenvolver tratamentos de nova geração.
“Eu era um cientista antes de ir para a faculdade de medicina. Isso deu-me a experiência e a exposição para realmente ver os pacientes, tratá-los e encontrar novas curas e tratamentos para que possamos dizer a todas as crianças: ‘Tu vais ficar bem, porque nós vamos tratar de ti!’”.
Embora esta investigação ainda não esteja numa fase de ensaios clínicos, a equipa precisa de células cancerígenas ativas recolhida de pacientes jovens para fazer os testes. Como as células cancerígenas não sobrevivem fora dos corpos, a equipa usa computadores para desenvolver modelos dessas mesmas células para descobrir novas maneiras de atacá-las com sucesso.
“Um dos meus colegas utilizou uma proteína causadora de cancro, e conseguiu replicá-la no computador de forma a projetar um fármaco que se mostrou capaz de bloquear a sua atividade”.
O novo Calgary Cancer Center, com inauguração prevista para 2023, foi projetado em conjunto com as várias equipas de cientistas, de forma a ajudar a promover o crescimento da inovação no espaço.
“O objetivo é que sejamos capazes de ter as condições necessárias para encontrarmos novos fármacos e tratamentos, para que possamos tratar com sucesso um grande número de pacientes (crianças e adultos) afetados pela doença oncológica”.
Fonte: CTV