Cientistas portuguesas estudam relação entre aumento de níveis de cloro e leucemia infantil

Um grupo de investigadoras portuguesas identificou uma relação entre o risco de leucemia infantil e os níveis de cloro nos produtos químicos na atmosfera. O trabalho foi complementado por Maria do Carmo Freitas do Instituto Tecnológico e Nuclear, em Sacavém, e Maria Martinho do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
A pesquisa das duas investigadoras sugere um aumento dos níveis de cloro na atmosfera, como consequência de uma combinação de factores que passam pelas emissões potenciais da indústria de papel, incêndios florestais, pesticidas utilizados na indústria, e estações de energia de combustíveis fósseis. 
Os níveis mais elevados de cloro observados actualmente na atmosfera podem estar relacionados com a maior incidência de substâncias cancerígenas no ar, que podem promover a progressão de leucemias entre as crianças, sublinham as especialistas.
As duas investigadoras avaliaram a correlação entre os níveis de poluição atmosférica de 22 elementos químicos, incluindo arsénico, níquel, chumbo e mercúrio, a partir de uma análise de líquenes usados como biomarcadores destes poluentes, relacionando-os com as mortes por leucemia em 275 concelhos de Portugal.
De acordo com as cientistas, a recolha e análise de líquenes numa vasta área geográfica permite dar a conhecer os elementos presentes no ar em toda essa área, definindo um mapa de poluentes que podem ser sobrepostos com dados epidemiológicos sobre a incidência de leucemia.
Em Portugal, entre 1970 a 1999, foram notificados, em média, 30 casos de leucemia por milhão de crianças por ano.
O teor de cloro tem sido associado à incidência de diabetes e há uma associação significativa entre o aparecimento de tumores malignos com os níveis de bromo, iodo, níquel, chumbo, enxofre e outros compostos.
No artigo publicado no International Journal of Environment and Health, a especialista Maria do Carmo Freitas revela que a associação significativa encontrada não implica causalidade, e sugere, por isso, a necessidade de mais pesquisas “para confirmar a causalidade e, nesse caso os mecanismos subjacentes.”
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