Investigadores do Karolinska Institutet, da Universidade de Oslo e do Centro Hospitalar de Oslo, na Suécia, desenvolveram um novo tipo de imunoterapia para o tratamento da leucemia.
Os resultados desta investigação, publicados na revista Nature Biotechnology, mostraram que esta inovadora terapia elimina eficazmente células cancerígenas de pacientes com leucemia linfoblástica aguda.
Os cientistas querem agora conduzir um estudo clínico e também testar o método em outros tipos de cancro.
A leucemia linfoblástica aguda é a forma mais comum de leucemia infantil, afetando aproximadamente 70 crianças por ano, só na Suécia. A doença é caracterizada pelo crescimento desregulado de glóbulos brancos imaturos, um componente essencial do sistema imunológico, na medula óssea e pela supressão de outras células sanguíneas saudáveis.
Esta doença é normalmente tratada com quimioterapia ou, em casos graves, transplante de medula óssea ou imunoterapia, envolvendo a modificação genética das células T do próprio paciente para fazê-las atacar outro tipo de glóbulos brancos, as chamadas células B.
No entanto, a terapia, conhecida como CAR-T, só funciona em pacientes com leucemia de células B e não naqueles com leucemia de células T, que afeta cerca de 15% a 20% dos pacientes com leucemia linfoblástica aguda. Os efeitos secundários também são frequentes, uma vez que as células B saudáveis também podem ser afetadas.
Com esta investigação, os cientistas descobriram outra maneira de reprogramar as células T para que estas se liguem a um alvo expresso dentro das células cancerígenas, em vez de na superfície celular.
A nova imunoterapia é focada na enzima desoxinucleotidil transferase terminal (TdT), que é expressa em leucemia de células T e B, mas apenas momentaneamente durante o desenvolvimento inicial de células T e B saudáveis – isto significa que a terapia tem o potencial de poupar células T e B saudáveis, ao mesmo tempo que elimina as células leucémicas de ambos os tipos de células B e T.
Até o momento, o método, desenvolvido por Johanna Olweus da Universidade de Oslo, foi testado em ratos com leucemia de células B e em amostras de células de pacientes com leucemia linfoblástica aguda de ambos os tipos de células.
“Os nossos resultados mostram que as células T geneticamente modificadas equipadas com receptores específicos para TdT são capazes de encontrar e eliminar células de leucemia distribuídas em diferentes órgãos, em animais com leucemia de células B e em amostras de células de pacientes com leucemia de células B e T”, explicaram os cientistas.
“Também não observámos qualquer efeito negativo nas células B e T saudáveis ou no desenvolvimento de novas células sanguíneas, o que sugere que o tratamento pode ser seguro”, acrescentaram.
A equipa de cientistas planeia agora a realização de um ensaio clínico para testar a terapia em pacientes com leucemia linfoblástica aguda que carecem de alternativas terapêuticas.
Os investigadores também estão a planear estudos de laboratório e animais para testar o método em mais tipos de cancro.
Fonte: Medical Xpress