A leucemia linfoblástica aguda é o tipo de cancro mais comummente diagnosticado em crianças.
Enquanto a maioria responde bem aos tratamentos quimioterápicos, algumas crianças experimentam resistência às terapias ou mesmo recidivas.
Com base num conhecido tratamento de imunoterapia, a terapia CAR T, cientistas da Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, em parceria com várias outras instituições, foram capazes de projetar uma nova célula T de combate que visa mais efetivamente as células da leucemia em estudos pré-clínicos.
“A terapia com células T do recetor quimérico de antigénio (CAR), uma forma de imunoterapia, foi desenvolvida para ajudar crianças para quem a quimioterapia não era suficiente”, disse Nabil Ahmed, professor de pediatria no Baylor College of Medicine e hematologia-oncologista no Hospital Infantil do Texas.
A terapia com células CAR T usa as células T de um paciente, um tipo de célula imune que geralmente está envolvida no combate ao cancro. Vários grupos de pesquisa criaram células T de pacientes geneticamente modificadas para expressar uma molécula de CAR para reconhecer CD19, uma proteína, ou antigénio, encontrada nas células de leucemia.
Quando essas células CAR T são reintroduzidas no paciente, elas conseguem atacar as células cancerígenas com mais eficácia. Embora o tratamento inicial tenha oferecido resultados impressionantes, quase metade dos pacientes que receberam a terapia sofreram, mais tarde, uma recidiva, uma vez que a doença conseguiu adaptar-se ao tratamento, não produzindo mais a proteína alvo CD19.
Como resultado dessa adaptação, o cancro tornou-se invisível para as células T manipuladas.
Procurando melhorar este promissor tratamento, os investigadores uniram-se para estudar o padrão de mudança de alvo antes e após a terapia; consequentemente, os cientistas projetaram uma célula T que visa não apenas a proteína CD19, mas também outras duas proteínas encontradas nas células da leucemia, a CD20 e a CD22.
“É como usar um tridente, em vez de uma lança, para atacar o cancro”.
A equipa usou essa “arma de três pontas”, como foi intitulada, contra células de leucemia em estudos pré-clínicos e desenvolveu novos métodos para monitorizar o quão bem esta terapia funcionava.
As novas células CAR T, denominadas células T TriCAR, direcionadas a CD19 /20/22 foram significativamente mais eficazes do que as células T direcionadas apenas a CD19. Quando as células de leucemia pararam de produzir a proteína CD19 e não eram mais visíveis às células T CD19 CAR, as células T TriCAR ainda eram eficazes.
“As células T TriCAR ligam-se a mais células cancerígenas e essas conexões são muito mais fortes. Graças a uma parceria com a Universidade de Houston, conseguimos estudar o comportamento individual de células T do TriCAR e percebemos que elas são muito mais eficazes contra a leucemia”.
Embora seja necessário um ensaio clínico antes que a nova terapia com células T TriCAR possa ser usada em pacientes, os primeiros resultados laboratoriais sugerem um caminho que pode ser significativamente mais eficaz na luta contra a leucemia.
Fonte: Baylor College of Medicine