Cientistas desenvolvem novo sistema de pontuação de risco para crianças com leucemia

Investigadores australianos desenvolveram um novo sistema de pontuação de risco para crianças com leucemia com base em fragmentos de ADN ausentes ou “microdeleções”. 
A pontuação de risco permitirá aos médicos prever melhor a probabilidade de recaída de crianças com leucemia, assegurando assim uma forma mais precisa de categorizar o risco do paciente do que a abordagem atual.
Segundo a investigação, publicada no British Journal of Hematology, a categorização das crianças torna-se mais eficaz através da análise das microdeleções de genes específicos encontradas apenas na leucemia, quando combinada com outros dois resultados.
O estudo foi realizado pelo Children's Cancer Institute da Austrália. Foram avaliadas 475 crianças de seis hospitais infantis diferentes na Austrália e na Nova Zelândia, inscritas num ensaio clínico. 
Todas as crianças sofriam de leucemia linfoblástica aguda precursora de células B de alto risco, um subtipo de leucemia linfoblástica aguda.
Segundo os investigadores, o tratamento mais intensivo para os pacientes geralmente foi administrado em mais de 11% das crianças que pertenciam à categoria de alto risco, para limitar os efeitos secundários. 
“As crianças na categoria de risco médio e baixo no estudo receberam tratamento menos intensivo do que os pacientes de alto risco. Mas cerca de um em cada seis teve uma recaída. Obviamente, algumas crianças precisavam de um tratamento mais intenso do que o pensado anteriormente, mas quais?”, questionaram-se os especialistas. 
Por esse motivo, a equipa desenvolveu no Children's Cancer Institute um novo tipo de pontuação de risco que se baseia num teste de medula óssea, ou MRD; este teste é tão sensível que pode detetar apenas uma célula de cancro num milhão de células de medula óssea que sobrevivem ao tratamento. 
O teste foi uma enorme vantagem para algumas crianças com leucemia que estavam neste ensaio, pois alertou os médicos para o alto risco de recidiva; contudo, “para o grupo de risco baixo a médio, precisávamos de mais informações para obter um melhor controlo sobre a biologia do cancro da criança para determinar melhor o risco”, observaram os especialistas. 
Assim, completaram os resultados do MRD com outras duas informações de pacientes, a presença ou ausência de microdeleções de genes específicos e uma pontuação chamada risco do NCI (National Cancer Institute), com base na idade e na contagem de glóbulos brancos. 
“Testámos para microdeleções em nove genes envolvidos na leucemia e descobrimos que dois dos genes, o IKZF1 e o P2RY8-CRLF2, eram importantes preditores de recidiva”, disse a equipa. 
Estas medidas foram combinadas para calcular uma pontuação de risco para cada paciente, de '0' (sem fatores de risco) a '2+' (vários). O estudo descobriu que as crianças com uma pontuação “2+” provavelmente teriam uma recaída, ou morreriam num espaço de sete anos após o início do tratamento. 
Para os investigadores, se o novo sistema de pontuação de risco for adotado no futuro, os médicos podem dar às crianças com um risco “2+” um tratamento mais intensivo, com o objetivo de melhorar a sua sobrevivência.
As mesmas microdeleções foram consideradas importantes para prever a recaída num grupo de crianças holandesas com leucemia, tendo o novo sistema de pontuação sido validado por pesquisadores da Holanda.
Os investigadores continuam a tentar melhorar a forma como é feito o diagnóstico e o tratamento, para que “mais crianças possam conquistar esta horrivel doença, que há apenas 50 anos tinha taxas de sobrevivência próximas de zero”. 
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