Cientistas desenvolvem modelos para prever insuficiência renal tardia em sobreviventes de cancro pediátrico

Uma investigação realizada no âmbito do Childhood Cancer Survivor Study (CCSS) identificou modelos de previsão que podem determinar com precisão os sobreviventes do cancro infantil com riscos variados de insuficiência renal tardia.

Em causa estão modelos de previsão que identificaram sobreviventes de cancro pediátrico com risco baixo, moderado e alto de insuficiência renal tardia, o que pode ajudar a orientar estratégias de triagem para sobreviventes de alto risco que se podem beneficiar de monitorização e intervenção mais atempadas e rigorosas.

Durante a investigação, foram avaliados sobreviventes de cancro pediátrico que participaram do Childhood Cancer Survivor Study. Com um acompanhamento médio de 22,2 anos, 204 dos 25 483 sobreviventes desenvolveram insuficiência renal tardia com uma incidência cumulativa de 1,0% aos 40 anos de idade.

Além disso, com um acompanhamento médio de 27 anos, houve uma incidência cumulativa de 0,2% numa coorte de comparação de irmãos aos 40 anos de idade.

Os investigadores agruparam os scores de risco para criar grupos estatisticamente distintos de baixo (n = 17 762), moderado (n = 3 784) e alto risco (n = 716), que correspondiam a taxas cumulativas de incidência de insuficiência renal aos 40 anos de idade. 0,6%, 2,1%, e 7,5%, respetivamente, vs. 0,2% na coorte de irmãos.

“Demonstrámos que os modelos de previsão podem ser razoavelmente aplicados a grandes coortes de validação externa com diferentes métodos de verificação de resultados, o que apoia a robustez dos nossos modelos”, disseram os autores da investigação.

Os investigadores incluíram no estudo sobreviventes a cinco anos sem histórico de insuficiência renal que foram avaliados para insuficiência renal subsequente aos 40 anos de idade, que incluiu diálise, transplante renal ou morte relacionada com problemas renais.

Os preditores para os modelos incluíram idade, sexo, raça e etnia, anomalias geniturinárias congénitas, idade no momento do diagnóstico do cancro, história de nefrectomia num espaço de cinco anos após o diagnóstico, exposição a quimioterapia potencialmente nefrotóxica, exposição à radioterapia no abdómen e nos rins e desenvolvimento de tumor maligno subsequente (neoplasia ou comorbidades após o diagnóstico de cancro).

Os investigadores desenvolveram dois modelos de predição: um modelo simples com todos os preditores categorizados apenas como “sim” ou “não” e um modelo específico de dose, incluindo dosagem cumulativa de quimioterapia e doses médias de radioterapia no rim.

O desfecho primário deste estudo foi a incidência de doença renal de grau 4/5 a ocorrer pelo menos num prazo de cinco anos desde o diagnóstico e antes dos 40 anos de idade dos sobreviventes.

Dados de 4 708 pacientes do St. Jude Lifetime Cohort Study (SJLIFE) e 6 760 pacientes no National Wilms Tumor Study (NWTS) serviram para validar os modelos de previsão baseados no CCSS. A maioria dos pacientes apresentava leucemia e tumores renais e teve diagnóstico de cancro antes dos dez anos de idade.

Nos modelos simples e de dose específica, a hipertensão de início precoce foi um provável preditor de insuficiência renal com uma pontuação de risco de 4, que excedeu as pontuações de todos os outros preditores, incluindo pontuações de risco de 3 para uma dose cumulativa de 60 g/m2 ou mais de ifosfamida e uma dose média de radioterapia renal de 12 Gy ou mais.

Fonte: Cancer Network

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