Um novo estudo publicado na revista Oncotarget revela que cientistas internacionais fizeram descoberta importantes sobre os mecanismos associados a cancros cerebrais que ocorrem em idade pediátrica.
Tumores do sistema nervoso central, incluindo meduloblastoma, ependimoma e glioma pontino intrínseco difuso (GPID), constituem um grande desafio em oncologia pediátrica, visto que são caracterizados por um crescimento agressivo e altas taxas de recidiva e mortalidade.
Tanto o meduloblastoma quanto o ependimoma são tratados com ressecção cirúrgica seguida de radioterapia adjuvante. Já o GPID, por outro lado, infiltra-se difusamente no tronco cerebral tornando a ressecção praticamente impossível. Assim, a radioterapia é a principal modalidade de tratamento para esse tumor. Embora a radiação atenue temporariamente a progressão do GPID, esse cancro cerebral permanece incurável e a maioria das crianças morre devido à doença.
Agora, o investigador Michael Goldstein, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, analisou os perfis moleculares extensivamente investigados dos tumores cerebrais pediátricos acima mencionados, demonstrando características epigenéticas distintas.
“Surpreendentemente, uma perda global da trimetilação H3K27 (H3K27me3) como resultado da mutação dominante-negativa da histona H3K27M foi considerada uma característica do GPID que ocorreu na maioria dos tumores”, afirmou Goldstein.
O H3K27me3 é um produto da histona metiltransferase EZH2 que afeta vários processos celulares, incluindo transcrição, estrutura da cromatina e resposta a danos no ADN. Da mesma forma, o subgrupo agressivo de ependimomas PFA é caracterizado pela falta de H3K27me3 devido a uma superexpressão da proteína EZHIP que atua como um inibidor de EZH2, enquanto os tumores PFB menos agressivos retêm níveis normais de H3K27me3.
No entanto, nenhuma análise abrangente dos padrões de expressão de H3K27me3 em meduloblastoma foi realizada, e o significado dessa marca epigenética em tumores cerebrais pediátricos permaneceu desconhecido.
“Para esclarecer esta questão, investigámos os níveis do marcador de histona H3K27me3 e o seu papel na resposta ao tratamento de meduloblastoma não WNT/SHH compreendendo tumores do grupo 3 e do grupo 4. Demonstrámos que cerca de 50% dos tumores em pacientes com meduloblastoma do grupo 3 e do grupo 4 são deficientes em H3K27me3. Surpreendentemente, a perda de H3K27me3 foi associada a altas taxas de recaída e baixa sobrevida”, explicou o cientista.
Fonte: MedicalXpress