As infeções resistentes a antibióticos – causadas pelas comummente intituladas “superbactérias” – são uma ameaça para a saúde dos humanos em todo o mundo, sendo que representam um risco particularmente perigoso para pessoas cujos sistemas imunitários estão comprometidos.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, investigou de que forma e quais as razões para as bactérias sofrerem mutações em crianças que sujeitas a tratamento oncológico no St. Jude Children’s Research Center.
As descobertas, publicadas na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, oferecem novas ideias para estudos futuros poderem tentar reduzir o risco de “superbactérias” infetarem pacientes imuno-comprometidos.
Muitos cancros infantis são tratados com quimioterapia e transplantes de células estaminais; esses tratamentos prejudicam o sistema imunitário e tornam os pacientes altamente vulneráveis infeções causadas por organismos resistentes a medicamentos, como o Enterococcus resistente à vancomicina (VRE).
Bactérias como a VRE geralmente colonizam primeiro o intestino e depois podem entrar na corrente sanguínea, causando infeções.
“Queríamos saber as bactérias VRE faziam algo de específico quando colonizavam o intestino ou quando entravam no corrente sanguínea de crianças cujo sistema imunitário está comprometido. Acreditávamos que essas respostas podiam ajudar-nos a desenvolver formas mais eficazes de tratar infeções por VRE”, explicaram os cientistas.
Os investigadores sequenciaram os genomas de mais de 100 bactérias VRE diferentes de 24 pacientes e procuraram, nos genomas das bactérias, pistas sobre como estas eram capazes de causar infeções nesses pacientes.
“Houve duas pistas que se destacaram”.
A primeira foi que as bactérias VRE começaram a alimentar-se de um tipo de açúcar que geralmente não consumiam; este açúcar, chamado sorbitol, é um adoçante artificial encontrado em medicamentos que são administrados a crianças.
“Neste momento, acreditamos que as VRE podem ter começado a consumir sorbitol quando entraram no intestino desses pacientes, e que a presença de sorbitol ajudou a que elas colonizassem o trato intestinal”.
A segunda pista encontrada pelos cientistas prende-se com o facto de que algumas das bactérias VRE eram capazes de aderir a plásticos e a outras superfícies. Quando analisaram os genomas das bactérias que tinham uma melhor aderência, os cientistas descobriram que elas haviam mudado algumas das moléculas de açúcar que colocavam na sua superfície.
“Essas mudanças também tornaram a bactéria VRE mais resistente à lisozima, uma enzima antibacteriana que o nosso corpo faz para nos ajudar a combater infeções. Acreditamos que, quando as bactérias VRE mudaram as suas moléculas de açúcar na superfície, obtiveram duas vantagens: conseguiram uma melhor aderência e uma maior resistência às enzimas antibacterianas”.
Os cientistas acreditam que os resultados sugerem que alguns medicamentos dados a crianças com cancro podem conter ingredientes, como adoçantes artificiais, que ajudam as bactérias nocivas a colonizar o trato intestinal.
“Ainda precisamos de aprender muito sobre de que forma as VRE e outras bactérias são capazes de proliferar e causar infeções em pacientes hospitalizados. Mas esperamos que o nosso estudo, e pesquisas futuras, nos ajudem a encontrar melhores formas de impedir que os pacientes desenvolvam infeções por VRE ou que, casos as desenvolvam, sejamos capazes de as tratar de uma maneira mais eficaz”.
Fonte: University of Pittsburgh