Uma descoberta feita por cientistas da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, sobre o comportamento de um cancro raro no fígado, pode levar a uma monitorização mais abrangente dos pacientes e a melhores resultados.
Os cientistas recomendam que as pessoas com carcinoma hepatocelular fibrolamelar em estágio avançado, que afeta principalmente adolescentes e adultos jovens, recebam exames de neuroimagem regulares devido à aparente capacidade do tumor de metastizar para o cérebro.
Os tumores sólidos, incluindo os do fígado, geralmente não se espalham para o cérebro, de modo que os exames para monitorizar o progresso dos pacientes não incluem exames à cabeça.
A deteção precoce de metástases cerebrais pode aumentar as probabilidades de remoção cirúrgica bem-sucedida dos tumores e, ao mesmo tempo, ajudar os médicos a fazerem escolhas mais informadas sobre quais fármacos usar.
Apenas uma minoria de pacientes com esta doença desenvolverá metástases cerebrais; ainda assim, testar essa possibilidade é importante quando a disseminação de um tumor pode ter consequências tão graves. Cerca de 200 casos são relatados em todo o mundo, a cada ano, e apenas cerca de um em cada três pacientes sobrevive além dos cinco anos.
Num artigo publicado na Pediatric Blood & Cancer, os investigadores documentaram três casos em que as pacientes, todas mulheres com 18 anos, desenvolveram tumores cerebrais.
Foram realizados exames cerebrais depois das pacientes desenvolverem sintomas como dores de cabeça severas ou alterações no estado mental. Os tumores também tinham metastizado para os pulmões das três pacientes, uma das quais havia morrido quando o artigo foi publicado.
A metástase é comum em pacientes com este tipo de cancro, em parte porque a doença geralmente não é detetada até que esteja num estágio avançado. Os primeiros sintomas, como a dor abdominal, podem ter muitas causas, e os médicos podem primeiro analisar os pacientes adolescentes à procura de problemas como o stress ou a intolerância à lactose.
Os investigadores sugerem então que os médicos realizem uma ultrassonografia quando os adolescentes se queixam de dor abdominal durante um período prolongado, pelo menos para descartar o cancro.
A descoberta de que este tipo de cancro se pode espalhar para o cérebro não aumenta de imediato a compreensão dos cientistas sobre a biologia da doença mas é
significativa, uma vez que pode oferecer maneiras imediatas de melhorar o tratamento.
Enquanto isso, a equipa está a trabalhar para desenvolver uma cura que atua direcionando a genética da doença. Noutras investigações, os investigadores estão a tentar identificar biomarcadores no sangue que podem levar à deteção precoce deste cancro de um melhor acompanhamento do progresso dos pacientes após a remoção cirúrgica dos tumores.
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