Investigadores do Children’s Cancer Institute, na Austrália, acreditam ter encontrado uma nova estratégia para o tratamento do neuroblastoma, um dos tipos de cancro mais comummente diagnosticados em crianças.
De acordo com a equipa de investigação, para além do neuroblastoma, esta descoberta também pode vir a ter implicações importantes para outros tipos de cancro, infantis e não só, como é o caso do cancro da próstata.
A investigação descobriu que uma proteína, intitulada ALYREF, desempenha um papel crucial na aceleração dos efeitos causados pelo oncogene MYCN, em casos de neuroblastoma.
Há já algum tempo que os cientistas sabem que crianças diagnosticadas com neuroblastoma com níveis muito elevados de MYCN nas suas células cancerígenas têm um prognóstico muito reservado; ao mesmo tempo, ao MYCN tem provado ser um alvo útil na criação de novas terapêuticas.
Nesta nova investigação, a equipa mostrou que o MYCN depende da ALYREF para impulsionar o crescimento de células de neuroblastoma.
“Fomos capazes de mostrar, pela primeira vez, que a ALYREF controla a função do MYCN em células de neuroblastoma. Isso significa que agora temos uma nova molécula que podemos direcionar, ou seja, descobrimos uma nova forma de atingir o MYCN, que o impede de impulsionar o crescimento do neuroblastoma”, explicou Glenn Marshall, um dos cientistas envolvidos na investigação.
Ao analisarem as células de neuroblastoma, os investigadores descobriram que a ALYREF liga-se diretamente ao MYCN, juntamente com outra proteína, a USP3, que previne a degradação do MYCN. Isso mantém os níveis extremamente altos de MYCN necessários para impulsionar o cancro e, desta forma, atua como um acelerador.
Estas descobertas sugerem assim que a inibição da ALYREF pode interromper esse ciclo, o que torna esta proteína numa aliada para o desenvolvimento de uma nova estratégia terapêutica para o neuroblastoma.
Segundo os investigadores, o próximo passo será “desenvolver um inibidor potente e específico da ALYREF – um fármaco capaz de inibir a ação desta molécula”.
“Acredito que esta investigação vai ser muito útil para desenvolvermos bases sólidas que nos permitam criar novos fármacos. Assim que tivermos o fármaco adequado, poderemos dar início a ensaios clínicos em crianças com neuroblastoma que apresentem níveis elevados de MYCN e de ALYREF nos seus tumores”, disse Belamy Cheung, o autor principal desta investigação.
Os cientistas também afirmaram que, caso se prove a sua eficácia, esta nova estratégia terapêutica pode vir a ser útil para outros tipos de cancro que também possuam o oncogene MYCN; entre alguns exemplos, incluem-se cancros do sangue, meduloblastoma, glioblastoma, retinoblastoma, tumor de Wilms, cancro da próstata e cancro dos ovários.
Os resultados da investigação foram publicados na revista Nature Communications.
Fonte: Drug Target Review