O Sibley Memorial Hospital, nos Estados Unidos, está a desenvolver um novo centro oncológico que irá tratar pacientes com uma inovadora terapia à base de protões.
Denominado Centro Nacional de Terapia de Protões Johns Hopkins, este centro tem inauguração prevista para o próximo ano, sendo que a sua construção foi orçada em mais de 100 milhões de dólares (cerca de 87 milhões de euros).
O espaço terá 4 salas de tratamento, incluindo uma dedicada a crianças e outra reservada à pesquisa.

Rendering do Centro Nacional de Terapia de Protões Johns Hopkins
Protões são utilizados desde 1950
A terapia de protões foi descoberta na década de 1950, mas só recentemente tem ganho importância.
Semelhante à terapia de raios X, a terapia com protões fornece uma dose de radiação aos tumores cancerígenos e ao ADN das células cancerígenas. A grande diferença é que esta terapia é mais precisa.
“Os raios X tratam o tumor, mas apenas cerca de 30% da dose é transmitida para tumor, sendo que o resto ‘sai’ por outro lado – algo que chamamos de dose de saída”, disse Matthew Ladra, oncologista pediátrico e um dos responsáveis pelo projeto deste novo centro.
Os protões param mais abruptamente, eliminando a dose de saída e poupando o tecido circundante da radiação desnecessária e dos efeitos secundários que acompanham a terapia de raio X.
“Num cérebro normal, a radiação pode causar um aumento do risco de acidente vascular cerebral, problemas de atenção, de memória e de aprendizagem; além disso, pode causar problemas de audição e de desenvolvimento de hormonas, daí preferirmos evitar ao máximo a exposição de tecido saudável à radiação”, explicou o oncologista.
Centros com Terapia de Protões ainda são escassos
Embora a terapia de protões se esteja a tornar cada vez mais comum, os centros de tratamento que utilizam esta terapia ainda são poucos.
Ainda menos comuns são os centros com salas dedicadas ao tratamento de crianças. Quando o Centro Nacional de Terapia de Protões Johns Hopkins for inaugurado em 2019, será um dos poucos no mundo.
Para além de toda a vantagem no tratamento, Matthew Ladra afirma que ter uma área só para jovens significa que haverá mais espaço para livros, brinquedos e decorações que distraiam os pequenos pacientes da realidade das suas vidas.
O médico acredita que a terapia de protões, que tem a mesma “taxa de cura” que a terapia de raio X convencional, é uma escolha atraente quando se trata de tratar crianças com certos tipos de cancro, devido à redução do risco de radiação extra em órgãos, músculos e tecidos que ainda estão em desenvolvimento.
Terapia diminui efeitos secundários
O especialista também afirmou que, ao longo dos anos, tem notados que os pacientes pediátricos tratados com esta terapia têm mais facilidade em ultrapassar o tratamento.

O médico Matthew Ladra a consultar uma paciente
“As crianças que costumavam ter sintomas como náuseas, cansaço e perda de apetite com a radiação convencional não sentem isso com esta nova terapia”, disse.
O oncologista deu o exemplo de uma paciente em particular que foi diagnosticada aos 2 anos com um tumor cerebral grave que exigia radiação e quimioterapia intensivas.
Devido à idade da menina, os médicos tiveram receio que um tratamento tão agressivo causasse problemas a longo prazo, tendo optado por sujeitar a criança a uma terapia de protões.
“Fez este ano 7 anos que eu a tratei, e hoje ela é uma menina saudável, alegre, que vai à escola e que não tem nenhum problema cognitivo. Se perguntar a minha opinião, posso-lhe dizer que isso se deve, em parte, à terapia de protões e ao fato de que fomos capazes de proteger a parte do cérebro saudável numa idade tão jovem” afirmou o médico.