Cientistas descobriram que as células cancerígenas de um tipo agressivo de tumor cerebral infantil trabalham em conjunto para se infiltrarem no cérebro.
Esta descoberta pode levar ao aparecimento de novos tratamentos, de acordo com o estudo publicado na Nature Medicine.
No estudo, financiado pelo Cancer Research UK, os especialistas investigaram um tipo de tumor cerebral denominado glioma pontino intrínseco difuso, focando-se na sua caraterística mais agressiva: a sua capacidade de deixar o tronco cerebral e enviar células cancerígenas para invadir o resto do cérebro.
Este tipo de cancro é incrivelmente difícil de tratar, sendo que a maior parte das crianças acaba por falecer dois anos após o diagnóstico.
Os investigadores utilizaram doações de tecido de biópsia e cérebros de crianças que morreram como consequência da doença para investigar profundamente o tumor e aprender mais sobre as suas células.
O estudo descobriu que os gliomas pontinos intrínsecos difusos são heterogéneos, o que significa que eles são compostos por mais do que um tipo de célula. Isso permite que as células “trabalhem” juntas para deixar o tumor original e viajar para o cérebro.
Para os cientistas, este facto mostra o quão complexa é a composição genética da doença e que é provável que um ataque multifacetado seja necessário para o tratamento.
“Esta é a primeira vez que observamos este tipo de interação entre diferentes células tumorais no glioma pontino intrínseco difuso. A ideia de que as células estão a trabalhar juntas para fazer com que a doença cresça e se torne agressiva é surpreendente. Anteriormente, acreditava-se que os cancros infantis eram muito simples, mas este estudo mostra-nos que esta crença nem sempre é verdadeira. Contudo, os resultados dão-nos esperança de que podemos desenvolver novos tratamentos”, disseram os cientistas.
“Queremos evitar que mais famílias passem pela dor de perder um filho para esta doença. Infelizmente, atualmente não há cura para o glioma pontino intrínseco difuso, sendo que a maioria das crianças não pode ser sujeita a cirurgias por causa da localização do tumor no tronco cerebral que controla funções tão essenciais como a respiração e a deglutição. Por outro lado, outras opções de tratamento, como a quimioterapia, raramente funcionam”, continuaram.
O estudo também mostrou que mesmo as células que existem em números relativamente pequenos no glioma pontino intrínseco difuso podem exercer uma influência profunda, levando as células do tumor principal para o resto do cérebro, estimulando o crescimento e a disseminação do tumor.
Nesta investigação, os especialistas observaram um tipo de célula a deixar o local do tumor original e a migrar para o restante espaço cerebral; este fenómeno acontece no início da evolução da doença e é um tipo de célula encontrada em números relativamente pequenos. À medida que migram, as células libertam um mensageiro químico chamado CXCL2, que tem o efeito de chamar outras células do tumor para o seguirem.
A próxima etapa da pesquisa permitirá que os investigadores procurem tratamentos que atinjam as subpopulações mais importantes de células do tumor e / ou interfiram na cooperação entre as células.
“Esta pesquisa começa a desvendar a complexa comunidade de células que compõem o glioma pontino intrínseco difuso. Através de uma combinação de técnicas de biologia molecular e celular, este estudo fornece uma janela para o coração desses tumores, permitindo-nos começar a decifrar como as suas diferentes populações de células interagem umas com as outras para promover a doença. É exatamente esse tipo de pesquisa que é necessário se quisermos vencer este cancro devastador”, concluíram os cientistas.
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