Um grupo de cientistas do IPATIMUP investigou os casos de cancros de Chernobyl e descobriu que há alterações de ADN que não existem em tumores não causados por radiação.
Foi constituído um consórcio internacional – o Chernobyl Tissue Bank – para estudar em profundidade os tumores que surgiram devido ao acidente nuclear de Chernobyl.
Desse consórcio fazem parte a Comissão Europeia, o Instituto Nacional de Cancro dos Estados Unidos, a Sasakawa Memorial Health Foundation do Japão, os ministros da Saúde da Rússia e da Ucrânia e o IPATIMUP, “que concorreu e conseguiu a oportunidade de estudar estes tumores da tiróide”, explicou Jorge Lima, investigador desse grupo, em declarações à Lusa.
“Para já, temos dois achados: ao nível do ADN nuclear, verificámos que as amostras de Chernobyl tinham uma maior frequência de alterações do tipo rearranjos cromossómicos do que alterações do tipo mutações pontuais, quando comparadas com tumores não provocados por radiação, explicou o cientista.
Por outro lado, ao nível do ADN mitocondrial, as amostras de Chernobyl apresentavam frequentemente rearranjos complexos das moléculas de ADN mitocondrial, o que também não se observava noutros tumores, revelou.
Os investigadores concluíram assim que as alterações genéticas dos tumores de Chernobyl (quer ao nível do ADN nuclear, quer ao nível do ADN mitocondrial) traduzem o efeito mutagénico e carcinogénico da radiação pós-Chernobyl.
Vinte e cinco anos depois do desastre nuclear, a comunidade científica já sabe que um acidente deste tipo tem consequências para a saúde humana principalmente a dois níveis: no local do acidente, onde os trabalhadores estão sujeitos a doses elevadas de radiação por diversos isótopos, que afectam o corpo todo, e em todas as populações próximas ou distantes do local do acidente que sejam atingidas pelas nuvens radioactivas.
No segundo caso, a radiação é consequência de isótopos radioactivos voláteis, transportados nas nuvens radioactivas, nomeadamente iodo radioactivo, afirma Jorge Lima, acrescentando que a contaminação das populações por iodo radioactivo dá-se através de águas e alimentos, principalmente leite e vegetais.
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