CAR-T: a nova abordagem para o tratamento do cancro

Um artigo publicado pela revista TIME aprofundou os meandros de uma nova terapia revolucionária no combate ao cancro.
Conhecida como terapia CAR-T, recetores quiméricos de antígeno e células T, esta nova abordagem baseia-se no sistema imunitário, para que este identifique as células cancerígenas e as destrua mais eficazmente do que a quimioterapia ou a radioterapia.
Segundo os investigadores do Hospital Pediátrico de Filadélfia, nos Estados Unidos, este tratamento revolucionário funciona como um remédio vivo produzido pelos próprios doentes.
Ao contrário das bactérias e dos vírus, as células cancerígenas são células saudáveis que sofrem mutações e passam a reproduzir-se de forma descontrolada, sem que consigam ser combatidas pelo sistema imunitário.
Um dos investigadores associados ao artigo da TIME passou cerca de três décadas a estudar o cancro; depois de experiências falhadas, Carl June, diretor do Centro de Imunoterapia Celular da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, conseguiu descobrir uma impressão digital maligna que podia ser explorada de forma a capacitar o sistema imunitário de um doente com as células certas para destruir o tumor.
Após a descoberta, o investigador preparou células imunitárias para transportarem uma proteína que se agarra à CD19, a impressão digital da leucemia, juntamente com outro marcador que ativa as células imunitárias, para que estas começassem a atacar o cancro de forma mais agressiva sempre que encontrem as marcas malignas.
Para esta pesquisa, o especialista utilizou uma ferramenta desenvolvida pelo Hospital de Investigação Pediátrica de St. Jude para conseguir essa combinação, que foi aperfeiçoada para modificar geneticamente e cultivar essas células de combate ao cancro, testando-as, por fim, em animais com leucemia.
Um dos principais obstáculos da terapia CAR-T é o seu custo, pois cada dose de células de um doente pode custar até milhares de euros. O processo é trabalhoso: primeiro, os médicos têm de tirar sangue do doente células imunitárias, transformarem-nas geneticamente no laboratório, para que estas transportem a combinação de ataque ao cancro; de seguida, são transferidas de volta para a circulação do doente por injeção.
As células sobrevivem e dividem-se para que a terapia continue a agir durante meses, ou anos.
A esperança de todos os investigadores é que a terapia CAR-T, embora tenha sido criada para tratar pessoas que não respondem a outros tratamentos, seja alargada a todos os doentes, sem que estes tenham obrigatoriamente que realizar, e falhar, os tratamentos padrão.
Já em julho deste ano, um painel de aconselhamento do regulador de saúde norte-americano (FDA) votou de forma unânime para que haja uma evolução para lá da fase dos testes nesta terapia; um dos motivos foi o facto de, durante os testes clínicos, esta terapia ter conseguido beneficiar centenas de indivíduos, nomeadamente crianças com leucemia, cujo tratamento padrão havia falhado.
Caso venha a ser aprovada, a terapia será fornecida em 35 centros oncológicos nos Estados Unidos até ao final do ano; para já, apenas a farmacêutica Novartis patenteou o tratamento, mas já existem outras empresas a desenvolvê-lo.
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