Identificar o comportamento e os marcadores de desenvolvimento pode ser “a chave para o diagnóstico precoce da doença oncológica em crianças”, disse um médico do All India Institute of Medical Sciences (IANS).
Contudo, e segundo este profissional, o médico Abhishek Shankar, este pormenor é “muitas vezes negligenciado”.
“Com o desenvolvimento de novos tratamentos médicos e tecnologias, a taxa de sobrevivência de crianças com cancro aumentou. No entanto, esta doença continua a ter um impacto indesejável sobre os pacientes e suas famílias – as doenças malignas infantis levantam uma série de preocupações médicas, psicológicas e sociais”, acrescenta.
De acordo com o médico, “segundo um estudo recente, 33,3% das crianças com leucemia linfoblástica aguda sofrem distúrbios emocionais, enquanto 53% das crianças com neoplasias sofrem de alguns distúrbios emocionais e comportamentais”.
Outro desafio crescente prende-se com os sobreviventes: atualmente, um terço de sobreviventes de cancro pediátrico sofre de deficiências cognitivas, muitas vezes devido ao tratamento de quimioterapia.
Os déficits cognitivos de longo prazo mais comumente encontrados em sobreviventes de cancro infantil que recebem tratamento quimioterápico incluem alterações nos níveis de atenção e no funcionamento executivo, velocidade de processamento alterada ou diminuída, memória de trabalho e habilidades visuais espaciais.
“Uma vez que existe uma necessidade de intervenção desde o início, os pediatras especialistas em desenvolvimento comportamental devem ser uma parte importante da equipa médica que segue estas crianças, de forma a garantir uma melhor qualidade de vida”, acrescentou Abhishek Shankar.
Um desses pediatras, Shubham Roy, disse que a prevalência de problemas emocionais e comportamentais em crianças e adolescentes está aumentar a um ritmo preocupante.
“Atualmente, nós não acompanhamos estas crianças antes do início do tratamento, mas já conseguimos entender quais as mudanças que estão relacionadas com as terapias – por isso é que defendemos que a avaliação dos pacientes deve ser feita na altura do diagnóstico”, explicou o especialista em desenvolvimento infantil.
Shubham Roy afirmou que ainda existem muitos desafios em termos de intervenções, desafios esses que exigem uma a participação de uma equipa multidisciplinar liderada por um pediatra especialista em desenvolvimento.
“Só assim conseguiremos garantir um acompanhamento regular e adaptar várias terapias de acordo com as necessidades de uma criança em particular”.
Fonte: Tribune India