Cientistas do Children’s Hospital Los Angeles, nos Estados Unidos, avaliaram fatores associados ao desenvolvimento de perda auditiva em doentes oncológicos pediátricos tratados com quimioterapia.
A investigação analisou crianças com idades entre os 0 e os 14 anos, e adolescentes e jovens adultos com idades entre os 15 e os 39 anos, que haviam sido tratados com o agente quimioterápico cisplatina para tumores pediátricos. No total, o estudo contou com a participação de 1414 pessoas.
“A cisplatina é usada para tratar uma ampla gama de cancros infantis. Contudo, a perda auditiva induzida pela cisplatina é um efeito secundário muito comum e debilitante, que acontece devido à toxicidade deste medicamento”, explicaram os autores do estudo.
Os participantes foram acompanhados por uma média de 3,9 anos após o diagnóstico; durante esse período, os cientistas mediram as taxas de perda auditiva induzida pela cisplatina moderada ou grave em vários grupos demográficos, diagnósticos e de tratamento.
A investigação foi publicada na revista The Lancet Child & Adolescent Health.
No geral, 620 pacientes (43,8%) desenvolveram perda auditiva induzida pela cisplatina moderada a grave, sendo que 59,4% desses casos ocorreram em pacientes com menos de 5 anos.
Cerca de metade dos pacientes diagnosticados com tumores do sistema nervoso central, 65,9% dos pacientes diagnosticados com hepatoblastoma e 62,1% dos pacientes diagnosticados com neuroblastoma desenvolveram perda auditiva induzida pela cisplatina moderada ou grave após o tratamento com o agente quimioterápico.
“Descobrimos que doses fracionadas mais altas estavam associadas a um risco aumentado de perda auditiva induzida pela cisplatina, mesmo após ajuste para dose cumulativa”, disseram os investigadores.
De acordo com as descobertas, “a forma como infundimos o fármaco pode alterar significativamente o risco de efeitos secundários”.
“Há mais de 50 anos que a cisplatina é usada para tratar cancros pediátricos e em adultos, mas só agora conseguimos entender que, algo tão simples como ajustar a nossa abordagem de dosagem, pode prevenir a perda auditiva e ainda manter os tratamentos eficazes”.
O uso simultâneo de vincristina, outro agente quimioterápico, também foi identificado como um fator de risco para perda auditiva induzida pela cisplatina.
“Ao longo das últimas décadas temos vindo a desenvolver ferramentas poderosas para combater o cancro de forma eficaz; agora, chegou a altura de nos concentrarmos em perceber como podemos usar essas mesmas ferramentas sem que elas tenham um impacto tão debilitante na vida dos sobreviventes”.
Fonte: DocWire News