Cancro Infantil: descoberta origem do tumor rabdóide maligno

Investigadores do Wellcome Sanger Institute, no Reino Unido, em colaboração com investigadores do Princess Máxima Center for Pediatric Oncology, na Holanda, acreditam ter descoberto a origem do tumor rabdóide maligno, um cancro infantil extremamente raro.

A investigação, publicada na revista Nature Communications, descobriu que este tumor surge a partir de células de desenvolvimento na crista neural, cuja maturação é bloqueada por um defeito genético.

A equipa de cientistas também identificou dois fármacos que podem vir a ser usados ​​para superar este bloqueio e retomar o desenvolvimento normal, algo que é “uma esperança para o aparecimento de novos tratamentos para a doença”.

O tumor rabdóide maligno, designado de MRT, é um tipo de cancro raro dos tecidos moles que afeta predominantemente crianças; embora estes tumores possam surgir em qualquer parte do corpo, de uma forma geral, eles formam-se nos rins e no cérebro.

A raridade do tumor rabdóide maligno que, no Reino Unido, afeta apenas entre 4 a 5 crianças por ano, combinada com a sua extrema agressividade, tornam os ensaios clínicos extremamente difíceis.

Até agora, a origem deste tumor não era conhecida sendo que, atualmente, não existe qualquer tratamento que possa ser considerado eficaz.

Para esta investigação, foram sequenciados o genoma completo de dois casos diagnosticados de tumores rabdóides malignos, que foram depois comparados com tecidos normais correspondentes.

Os investigadores conduziram análises filogenéticas das mutações somáticas nos dois tipos de tecido, com o intuito de “reconstruir” a linha do tempo do desenvolvimento normal e anormal.

As análises confirmaram que o tumor rabdóide maligno se desenvolve a partir de células progenitoras a caminho de se tornarem células de Schwann, um tipo de célula encontrado na crista neural, devido a uma mutação no gene SMARCB1. Essa mutação bloqueia o desenvolvimento normal dessas células, que podem então passar a formar um tumor rabdóide maligno.

De seguida, os investigadores do Princess Máxima Center for Pediatric Oncology inseriram o gene SMARCB1 intacto em organoides do tumor, que são tumores artificiais produzidos em laboratório a partir dos tumores originais dos pacientes, para superar com sucesso o bloqueio de maturação que havia impedido o desenvolvimento normal e conduzido ao desenvolvimento deste cancro.

Com base em análises de mRNA de uma única célula e em previsões feitas a partir desta experiência, os investigadores identificaram dois fármacos que se mostraram capazes de superar o bloqueio da maturação e que, desta forma, podem vir a ser usados ​​para tratar crianças com esta doença.

“Termos sido capazes de identificar, pela primeira vez, a origem do tumor rabdóide maligno é um passo importante no sentido da nossa capacidade de tratarmos esta doença. Mas, para além disso, também conseguimos confirmar que é possível superar esta falha genética que pode causar estes tumores e, isso, é extremamente animador”, afirmou Jarno Drost, coautor da investigação.

“Mais, também ficámos a saber que já existem dois fármacos que acreditamos poderem vir a ser usados para tratar esta doença. Isso deixa-nos muito confiantes de que iremos ser capazes de melhorar o prognóstico de crianças diagnosticadas com tumor rabdóide maligno”.

Para Sam Behjati, outro dos autores, esta descoberta é particularmente interessante e animadora, uma vez que não existiam quaisquer novos tratamentos no horizonte para este tipo de cancro.

“Esta descoberta”, diz, “só foi possível devido a todas as ferramentas de ponta que tivemos ao nosso dispor, desde a tecnologia organoide até à sequenciação de mRNA de uma única célula e dos bancos de dados de triagem de fármacos”.

“Espero que esta investigação sirva de modelo para ajudar mais investigadores a descobrirem a origem de outros cancros infantis e, em última análise, levar a melhores resultados para as crianças afetadas por estas terríveis doenças”.

Fonte: Eurekalert

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