Uma nova terapia à base de anticorpos destinada a crianças com meduloblastoma mostrou-se promissora durante um ensaio clínico de Fase I.
O anticorpo, que tem como alvo uma proteína que permite que as células cancerígenas se multipliquem e se espalhem, foi bem tolerado e ajudou a estabilizar a doença, ajudando a preservar a qualidade de vida dos pacientes.
A investigação, publicada na revista Clinical Cancer Research, foi realizada por cientistas do Atrium Health Levine Children’s Hospital e do Massachusetts General Hospital, ambos nos Estados Unidos.
O meduloblastoma é o tipo de cancro cerebral mais comummente diagnosticado em crianças – estes tumores são conhecidos por serem agressivos, de rápido crescimento e com uma enorme propensão para metástases.
O estudo envolveu 15 crianças com meduloblastoma recidivante ou refratário que não responderam aos tratamentos padrão. Os pacientes receberam doses crescentes do anticorpo TB-403 (20 mg/kg, 50 mg/kg, 100 mg/kg e 175 mg/kg), e todos os pacientes receberam duas doses de TB-403 no primeiro ciclo de tratamento. A dose máxima tolerada – definida em ensaios clínicos como a dose mais alta de um medicamento que não causa toxicidade inaceitável – não foi atingida.
É importante ressaltar que, embora não tenha havido reduções significativas no tamanho do tumor, 7 dos 11 pacientes do estudo apresentaram estabilização da doença – interrupção da progressão – que persistiu por mais de 100 dias em quatro desses pacientes.
“Estas descobertas indicam que o tratamento com TB-403 deve ser testado em estudos com um maior número de crianças”, disseram os cientistas.
Atualmente, não existem tratamentos para o meduloblastoma recidivante e as taxas de sobrevivência após a recidiva são baixas.
“É importante notar que os indivíduos deste estudo estavam em casa durante o tratamento, o que foi fundamental para preservar a qualidade de vida quando o tempo adicional com a família é frequentemente o objetivo da terapia”, escreveram os autores.
O anticorpo TB-403 reconhece o fator de crescimento PlGF. A equipa de cientistas já havia mostrado que o PlGF e o seu recetor neuropilina 1 (NRP1) são frequentemente superexpressos em meduloblastomas humanos e são necessários para seu crescimento e progressão em modelos animais.
Esta investigação também demonstrou que o bloqueio da via PlGF/NRP1 em modelos de meduloblastoma causou regressão tumoral, diminuição da disseminação para a medula espinhal e sobrevivência prolongada.
Fonte: GEN Magazine