Cães de terapia podem infetar crianças hospitalizadas, mas problema pode ser resolvido recorrendo a antibacterianos

Para além de toda a alegria e conforto, um estudo descobriu que os cães de terapia também podem trazer alguns germes para as crianças hospitalizadas com um sistema imune debilitado.

Médicos do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, suspeitaram que estes cães poderiam representar um risco de infeção para estes pequenos pacientes, a maioria deles com cancro e, para que não restassem dúvidas, realizaram alguns testes com a ajuda do Pippi, do Poppy, do Badger e da Winnie, 4 cães de terapia que visitaram 45 crianças que estavam a receber tratamento contra o cancro.

Os investigadores descobriram que as crianças que passavam mais tempo com os cães tinham uma probabilidade 6 vezes maior de serem infetadas com bactérias do que as crianças que passavam menos tempo com os animais.

Contudo, o estudo também descobriu que lavar os cães antes das visitas e limpá-los com toalhitas desinfetantes enquanto estes estão no hospital reduz substancialmente o risco de espalhar essa bactéria.

Uma autoridade de saúde dos Estados Unidos disse que as descobertas aumentam a crescente compreensão de que, embora as interações com animais de estimação e animais de terapia possam ser benéficas, elas também podem acarretar riscos.

A terapia com animais pode ajudar as pessoas a recuperar de uma série de problemas de saúde. Estudos anteriores mostraram que cães, ou outros animais, podem aliviar a ansiedade e a tristeza, baixar a pressão sanguínea e até reduzir a quantidade de medicamentos que alguns pacientes precisam.

Mas houve episódios de infeções pela bactéria MRSA (estafiloco áureo multirresistente) causados pela presença de cães de terapia saudáveis.

Esta bactéria resistente à meticilina vive, de forma geral, na pele sem causar sintomas; ainda assim, a MRSA pode tornar-se perigosa se entrar na corrente sanguínea, destruindo válvulas cardíacas ou causando outros danos.

As bactérias podem se espalhar em creches, vestiários e quartéis militares, mas os esforços de saúde pública têm se concentrado em hospitais e casas de repouso.

Entre as crianças que não tinham MRSA, os investigadores descobriram esta “superbactéria” em cerca de 10% das amostras recolhidas dessas crianças após a visita dos animais.

Os especialistas também encontraram MRSA em quase 40% das amostras dos cães, e determinaram que, quanto mais tempo alguém passa com os animais, maior a probabilidade de ter a bactéria.

Ainda assim, o estudo ressalva que os animais estavam livres da bactéria quando chegaram ao hospital pela primeira vez, tendo sido infetados por outros pacientes enquanto estavam nas instalações, tornando-se assim os portadores da MRSA.

Nos protocolos hospitalares norte-americanos, os cães de terapia devem ser banhados um dia antes das visitas hospitalares, sendo feito um check-up relativamente a feridas ou outros problemas de saúde.

As crianças que a quem estes animais fazem uma visita devem também usar desinfetante para as mãos “algo que não foi rigorosamente aplicado”, disseram os investigadores.

Mais tarde no estudo, os especialistas pediram aos donos dos cães para que estes fossem banhados com um champô especial antes das visitas; já no hospital, os animais foram também limpos de 10 em 10 minutos com toalhitas desinfetantes.

Estes procedimentos diminuíram drasticamente o nível de bactérias nos cães, disseram os cientistas, que esperam que mais estudos mostrem que estas limpezas regulares podem reduzir qualquer risco de infeção.

“Nós tivemos a oportunidade de ver o quão importantes estes cães são para aqueles pacientes. Foram estes animais que tornaram o dia daquelas crianças mais feliz, e isso não se pode perder”, afirmaram os investigadores.

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