Em conjunto com o Centro Universitário do Distrito Federal, no Brasil, a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Cancro e Hemopatias (Abrace) criou um projeto cujo objetivo é dar alegria a crianças que estejam a ser submetidas a tratamentos oncológicos.
A iniciativa, que pretende ainda dar ênfase à valorização da vida através de jogos e do estímulo à brincadeira, abrange também as famílias das crianças.
Numa primeira fase, este projeto tentou perceber de que forma os pais de crianças com cancro viam a doença; segundo a Abrace, o fato de muitas pessoas associarem o cancro a uma “sentença de morte”, leva a que alguns familiares exagerem no cuidado aos pacientes.
“Através destas entrevistas, ficámos a saber que, como a perceção que as pessoas têm do cancro é muito negativa, em alguns casos, os familiares são de tal forma cuidadosos com as crianças que acabam por as afastar do convívio social que elas podem ter. A superproteção não é algo bom. As crianças sentem-se amadas, sim, mas ao mesmo tempo também se sentem excluídas do mundo que as rodeia”, disse Paula Franco, diretora de marketing da Abrace.
No total, o projeto é constituído por 12 jogos, tanto eletrónicos quanto de tabuleiro; um dos jogos mais populares é o Ursoji, onde, sem perceberem, as crianças fornecem aos seus pais informações sobre as emoções que estão a vivenciar.
“O Ursoji foi criado para crianças entre os 5 e os 9 anos com o objetivo de fazer um pré-diagnóstico emocional. Por exemplo, se a criança estiver a passar por uma fase difícil do tratamento, é normal que ela fica triste e desmotivada; o problema é que, muitas vezes, se esses sentimentos não forem tratados, eles podem ser a ponte para problemas maiores, como depressão ou ansiedade”, explicou Hanna Pimenta, uma das responsáveis pelo projeto.
“No fundo, este jogo vai traçar um mapa comportamental tendo em conta a interação da criança e, uma vez por semana, é enviado um relatório sobre o seu estado emocional a uma pessoa responsável. Acreditamos que, desta forma, conseguiremos ajudar os pais a detetar mais facilmente como é que a criança se sente o que, caso seja necessário, facilita a intervenção precoce de um profissional, como um psicólogo”.
Fonte: Diário da Saúde