O Boston Children’s Hospital desenvolveu um processo inovador para integrar os princípios de equidade, diversidade e inclusão (EDI) em estudos de saúde pediátrica. A medida visa garantir que a investigação não perpetue desigualdades ou preconceitos, tornando os resultados mais justos e relevantes para as populações estudadas.
Através de uma Comissão de Revisão EDI, composta por especialistas em saúde, envolvimento comunitário e análise de dados, foram analisados 78 protocolos em 20 meses. O processo foca todas as fases da investigação, desde o desenho do estudo até à divulgação dos resultados, colocando questões fundamentais às equipas, como:
- Como vai ser envolvida a comunidade ou população-alvo?
- Que barreiras de participação existem e como serão superadas?
- Como vão ser devolvidos os resultados às comunidades envolvidas?
Recomendações-chave para mais equidade na saúde
Dos 78 estudos, 67 necessitaram de ajustes para garantir a aplicação dos princípios de equidade:
- Reconhecer fatores sociais e estruturais: problemas como habitação precária ou falta de acesso a cuidados podem influenciar os resultados e devem ser considerados.
- Dar voz à comunidade: populações-alvo devem contribuir para o desenho e interpretação do estudo, garantindo confiança e representatividade.
- Adotar linguagem apropriada: termos desatualizados ou estigmatizantes afastam participantes e afetam a qualidade dos resultados.
- Tratar dados em falta: a ausência de informação sobre fatores sociodemográficos foi identificada como um problema num terço dos estudos.
Apesar de algumas reservas iniciais, muitos investigadores reconheceram o valor do processo na melhoria da qualidade e relevância dos estudos. A abordagem do Boston Children’s Hospital, publicada na Pediatrics, está agora a servir de modelo para outras instituições que procuram tornar a investigação em saúde mais equitativa e inclusiva.
Fonte: Medical Xpress