O glioma pontino intrínseco difuso (DIPG) é um cancro cerebral infantil raro que se desenvolve profundamente dentro do tronco encefálico e penetra no tecido cerebral saudável, impossibilitando a remoção cirúrgica.
Para monitorizar esta doença, é feita uma biópsia que usa uma agulha fina, inserida através de um pequeno orifício perfurado no crânio; apesar de exequível, esta é uma técnica arriscada que, quando bem-sucedida, apenas captura uma única foto do tumor.
Para entender melhor como um tumor DIPG progride e de que forma responde ao tratamento, investigadores do Translational Genomics Research Institute (TGen), nos Estados Unidos, deram início a um estudo, intitulado See the Change, que pretende estudar o DIPG a um nível molecular.
Caso a investigação venha a ser bem-sucedida, no futuro, os médicos terão à sua disposição um método não invasivo para monitorizar a resposta ao tratamento e a metástase em crianças com DIPG, uma doença que afeta até 300 crianças e adultos jovens americanos anualmente.
No estudo See the Change, os investigadores irão examinar fragmentos curtos de ADN retirados de tumores DIPG encontrados na corrente sanguínea para verificar se o uso deste método de biópsia líquida pode diagnosticar e monitorizar a doença com precisão, entender o tipo de mutação que conduz a cada cancro e acompanhar a doença em tempo real para determinar se o tratamento em curso controla, ou não, o tumor.
No entanto, como este método ainda está a ser testado, os resultados deste estudo não serão usados para determinar as opções de tratamento.
“Até agora, os médicos usaram métodos de imagem para avaliar quão bem um determinado tratamento estava a funcionar. Mas estas são frequentemente avaliações tardias que não oferecem nenhum conhecimento sobre como um tumor pode estar a ‘escapar’ do tratamento”, disse Michael Berens, diretor-adjunto do TGen e chefe da atual pesquisa.
“Acreditamos que, ao testar as possibilidades de usar uma biópsia líquida, podemos vir a adquirir um conhecimento essencial sobre o tumor de cada criança e de que forma ele responde a vários novos tratamentos”.
A biópsia líquida usa ADN e RNA de tumor circulante para medir marcadores genéticos que representam precisamente o tumor de cada paciente.
“O nosso principal desafio é que os fragmentos de ADN libertados pelos cancros cerebrais dissipam-se rapidamente na corrente sanguínea. Ao usarmos esta nova tecnologia, acreditamos que podemos capturar e medir com mais precisão esses biomarcadores e usar essas informações para ajudar no tratamento de pacientes”, disse outro investigador.
Esta nova tecnologia baseia-se num estudo publicado na revista Clinical Cancer Research, que contou com a participação de 48 crianças e que foi realizado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
O estudo mostrou que usar um teste de sangue, uma biópsia líquida, era um risco menor do que as biópsias cirúrgicas e pode permitir que médicos avaliem a eficácia dos tratamentos, mesmo antes de serem identificadas alterações em exames como a ressonância magnética.