A atriz Melissa Rauch, que ficou conhecida por interpretar o papel de Bernadette na famosa série “The Big Bang Theory”, está agora a desempenhar aquele que considera ser o papel da sua vida – liderar uma organização sem fins lucrativos.
Aos 41 anos de idade, Melissa é agora a principal responsável pela sucursal norte-americana da Oscar’s Kids, uma organização irlandesa que a atriz ajudou a fundar com os pais de Oscar Keogh, um menino que, com apenas 5 anos, faleceu devido a um glioma pontino intrínseco difuso (DIPG).
A missão desta organização sem fins lucrativos é promover a consciencialização e o aumento do financiamento para este cancro cerebral raro e apoiar as crianças e famílias que contra ele lutam.
Em declarações à revista Forbes, Melissa apelidou o seu relacionamento com a família de Oscar Keogh como “uma das amizades mais inspiradoras da minha vida”. Apesar de nunca ter trabalho numa área como esta, a atriz quer usar a sua plataforma para ajudar o maior número de famílias possível.
“Como tudo na vida, este projeto nasceu a partir de uma paixão e de um impulso motivador. Este projeto é muito importante para mim. Estou ansiosa por utilizar os meus contactos e a minha visibilidade para fazer algo de bom”.
Melissa conheceu Oscar e a sua família através do Instagram, depois de a mãe de Oscar lhe ter mandado uma mensagem. O menino, espetador assíduo da série “The Big Bang Theory”, era fã da personagem interpretada por Melissa. Aquela mensagem deu início a uma amizade que, acredita Melissa, “mudou a trajetória da minha vida”.

A família Keogh. – Fonte: DR
Quando Oscar faleceu, Melissa começou a falar com a família Keogh sobre criarem uma instituição de caridade que continuasse o legado do menino, ao mesmo tempo que promoveria a investigação sobre o glioma pontino intrínseco difuso.
Depois de muito pensarem, a família Keogh e Melissa decidiram que os Keoghs administrariam a organização na Irlanda, enquanto Melissa e o seu marido supervisionariam uma sucursal nos Estados Unidos.
“Criar uma organização sem fins lucrativos é algo totalmente novo para mim. É uma coisa tão empolgante, que me tem ensinado tanto. Eu sou uma atriz, nunca tive qualquer experiência de administração, mas estou a dar tudo por tudo. Ao conhecer o Oscar percebi o quão importante é a causa da oncologia pediátrica”.
O que é o glioma pontino intrínseco difuso?
O glioma pontino intrínseco difuso (DIPG) é um tipo de tumor que tem origem no tronco cerebral, de acordo com o St. Jude Children’s Research Hospital – estes tumores são chamados de gliomas porque crescem a partir de células gliais, um tipo de célula de suporte no cérebro.
A maioria destes tumores, explica o site, “não são classificados por grau porque a cirurgia para obter tecido por biópsia ou para remover o tumor não é segura por causa da localização do tumor. Quando estes tumores são sujeitos a biópsias, geralmente são classificados como tumores de grau III ou IV, que tendem a comportar-se de forma muito agressiva.”
Cerca de 10% a 20% de todos os tumores cerebrais infantis são DIPG ou gliomas de tronco encefálico e são mais comuns em crianças com idades entre os 5 e os 10 anos.
Infelizmente, de acordo com dados oficiais, apesar do grande avanço na área da investigação, a taxa de sobrevivência para DIPG permanece muito baixa.
Os avanços nas últimas décadas levaram a que 84% das crianças com cancro sobrevivessem 5 ou mais anos após o diagnóstico.
Mas, de acordo com a National Pediatric Cancer Foundation, mais de 95% dos sobreviventes de cancro infantil têm problemas significativos relacionados à saúde por causa das opções de tratamento atuais, e apenas 4% dos milhares de milhões de dólares gastos a cada ano em pesquisas e tratamentos oncológicos são direcionados para tratamento do cancro infantil nos Estados Unidos.
Desde 1980, menos de 10 medicamentos foram desenvolvidos para uso em crianças com cancro, enquanto centenas de medicamentos foram criados exclusivamente para adultos.
Esperança no futuro
Elizabeth Raetz, diretora da Unidade de Hematologia e Oncologia Pediátrica do Perlmutter Cancer Center, nos Estados Unidos, afirma que, mesmo assim, ainda há motivos para ter esperança.
“Estamos a observar o aparecimento de tratamentos direcionados e diferentes imunoterapias que foram estudadas em adultos e que agora passaram para ensaios clínicos em crianças. A comunidade científica está muito entusiasmada com isto”, disse Elizateh Raetz à SurvivorNet.
Ainda assim, passar por um diagnóstico de cancro infantil é algo extremamente complicado.
Que o diga Jayne Wexler, uma mãe cujo filho foi diagnosticado com leucemia linfoblástica aguda e que, desde os tratamentos, desenvolveu problemas cardiovasculares.
“Mesmo quando as crianças deixam de ser submetidas a tratamentos, o medo permanece. Nunca conseguimos estar 100% descansados. Ser mãe (ou pai) de uma criança com cancro, ou mesmo de uma criança que sobreviveu a um cancro infantil, é viver num mundo povoado pela ansiedade”, diz.
Fonte: Survivor Net