Investigadores do Karolinska Institutet, na Suécia, acreditam ter demonstrado que a ativação de proteínas específicas da superfície celular – cortisol, estrogénio e vitamina A – em ratos com células de neuroblastoma humano resulta na diferenciação neuronal de células cancerígenas, o que leva à redução da mortalidade.
Os resultados, publicados no Journal of Experimental & Clinical Cancer Research, podem, no futuro, levar a um tratamento mais eficaz e menos agressivo deste tipo de cancro em crianças.
“A investigação sugere que uma terapia combinada com baixos níveis de cortisol e estrogénio, juntamente com vitamina A, pode ser uma estratégia farmacológica promissora que resulta em mais neurónios em crianças com neuroblastoma e, portanto, melhores perspetivas de sobrevivência”, disse Lourdes Sainero-Alcolado, autor principal do estudo.
O neuroblastoma é um dos tipos de cancro mais comummente diagnosticados em crianças; as terapias atuais podem curar aproximadamente metade dos casos mais difíceis. Ainda assim, as crianças que sobrevivem ao tratamento severo vivem com graves efeitos secundários ao longo da vida.
Atualmente, a vitamina A é usada como tratamento de manutenção.
Para esta investigação, os cientistas ativaram três proteínas diferentes (os recetores de cortisol, estrogénio e vitamina A) na superfície celular de células de neuroblastoma humano injetadas em ratos – os resultados sugerem que as células cancerígenas mortais e malignas amadureceram em neurónios após a ativação.
Os cientistas também foram capazes de mostrar que o metabolismo das células mudou e que a sua malignidade diminuiu tanto em experiências com células quanto em experiências realizadas em ratos.
“Este tratamento, muito provavelmente, seria menos doloroso para as crianças em crescimento do que alguns dos métodos usados hoje em dia”, defenderam os investigadores.
“Um aspeto importante desta investigação é que também conseguimos demonstrar que pacientes cujas células tumorais possuem estas proteínas na superfície celular têm um prognóstico favorável. Ainda é cedo, mas os nossos resultados servem de base para novos estudos com o objetivo de usar esta estratégia em ensaios clínicos”.
A investigação baseou-se no tratamento de células de neuroblastoma em cultura que foram analisadas quanto ao crescimento celular, morte celular, maturação e metabolismo. Como as experiências tiveram resultados positivos claros, estudos semelhantes foram conduzidos em ratos com a doença.
“Os nossos dados também sugerem que os genes que dão origem às três proteínas de superfície contribuem para o desenvolvimento do sistema nervoso humano normal. Essas proteínas de superfície tiveram uma melhor taxa de sobrevivência do que aquelas com níveis mais baixos”.
Agora, os cientistas estão já a planear novas experiências, onde tratarão rato com neuroblastoma com diferentes concentrações de cortisol, estrogénio e/ou vitamina A.
Nesta nova fase, será possível acompanhar o desenvolvimento do tumor e estudar a atividade de sinalização das células nervosas que se formam.
“Também queremos dar uma maior atenção aos possíveis efeitos secundários”, explicaram os cientistas.
Para além disso, os investigadores querem identificar os genes que são importantes no processo de diferenciação neuronal e avaliar se algum outro tratamento biológico pode gerar resultados semelhantes ou melhores.
Fonte: Medical Xpress