Apesar de ser comum em crianças, o tumor de Wilms continua a ser um cancro difícil de diagnosticar

Apesar do tumor de Wilms ser um tipo de cancro renal frequentemente diagnosticado em crianças, a verdade é que ainda existem vários fatores que dificultam o seu diagnóstico precoce.

Na África do Sul, por exemplo, o tumor de Wilms é o segundo tipo de cancro mais comummente diagnosticado em crianças, sendo responsável por “11,9% dos cancros infantis diagnosticados no país”, disse Janet Pool, docente e responsável pelo Departamento de Pediatria e Saúde Infantil da Universidade de Witwatersrand.

“O tumor de Wilms representa entre 6% a 7% de todos os cancros infantis e entre 85% a 90% de todos os tumores renais. Cerca de 70% das crianças são diagnosticadas quando têm entre 1 e 5 anos de idade, sendo que o pico de incidência acontece em crianças com idades entre os 3 os 4 anos”.

Janet Pool foi uma das oradoras do webinar promovido pela Childhood Cancer Foundation South Africa (CHOC) que decorreu recentemente e que teve como objetivo aumentar o conhecimento sobre a doença com a esperança de reduzir as taxas de mortalidade e de morbidade de crianças com cancro.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, todos os anos, cerca de 400 mil crianças e adolescentes com idades entre os 0 e os 19 anos desenvolvem cancro – os tipos mais comuns são as leucemias, os cancros cerebrais, os linfomas e os tumores sólidos, como o neuroblastoma e o tumor de Wilms.

De acordo com Janet Pool, no caso específico da África do Sul, existem muitos fatores que dificultam o diagnóstico precoce, incluindo mitos e crenças.

“Muitas vezes, neste país, o cancro infantil não é diagnosticado – a falta de serviços médicos especializados e a localização geográfica também desempenham um papel, assim como a falta de consciencialização médica, motivada pelos mitos e crenças populares que ainda existem”, disse.

Felizmente, essas mesmas crenças não afetaram o discernimento de Duncan Mudau quando este pai reparou que a barriga do seu filho, de apenas 3 anos, estava a crescer a um ritmo anormal.

“Apesar de não achar aquele crescimento normal, nunca pensei que fosse algo de grave. Ainda assim, e contra a opinião de muitas pessoas da minha aldeia, procurei ajuda médica no centro de saúde mais próximo. Já tinham passado alguns dias desde que a barriga do meu filho tinha aumentado de tamanho, mas ele estava a queixar-se mais frequentemente de dores”.

Chegados ao centro de saúde, pai e filho foram imediatamente aconselhados a irem até ao Hospital Tshilidzini.

“Quando lá chegámos, o meu filho foi internado e submetido a uma série de exames. E foi ali mesmo que eu soube que o meu filho tinha tumor de Wilms”.

O menino foi transportado para outro hospital, onde foi operado de urgência.

“Quando eles nos deram a notícia, o meu coração ficou despedaçado. Eu não percebo nada de medicina e nunca tinha ouvido o nome daquela doença. Os médicos foram muito compreensivos e tentaram explicar-me tudo o que iria acontecer de forma a que eu entendesse tudo.”

Infelizmente, o rim do filho de Duncan teve que ser removido.

“Chegámos demasiado tarde ao médico. Devia ter levado o meu filho mal ele se queixou. Se não fosse pela minha ignorância, se calhar ele hoje ainda teria dois rins”.

Felizmente, o filho de Duncan tem agora 7 anos e está livre de cancro.

“Ele não se lembra de muita coisa. E, mais importante, está totalmente recuperado”.

De acordo com a literatura científica, os sinais e sintomas do tumor de Wilms variam e algumas crianças não apresentam sinais óbvios. Mas a maioria experiencia o aparecimento de uma massa abdominal, inchaço ou dor; febre; sangue na urina: náuseas; prisão de ventre, falta de ar e de apetite; e níveis anormalmente elevados de pressão arterial.

A cirurgia é o primeiro passo vital durante o tratamento e é essencial para a cura.

Fonte: Health-e

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