Apenas 40% das crianças sobreviventes de cancro do sistema nervoso central atingem a independência total enquanto adultos

60% dos adultos sobreviventes de tumores pediátricos do sistema nervoso central (SNC) não alcançam a total independência funcional e social, de acordo com um estudo realizado pelo St. Jude Children’s Research Hospital e pela Universidade Tennessee, nos Estados Unidos.
Investigadores avaliaram 306 sobreviventes adultos que completaram as avaliações de base como parte do estudo St. Jude Lifetime Cohort, que avaliou vários indicadores de independência, incluindo viver de forma independente, emprego, assistência com cuidados pessoais e / ou necessidades rotineiras, estado civil e posse de carta de condução.
Os participantes também foram avaliados quanto ao comprometimento do desempenho físico, que foi definido como uma pontuação de <10 percentil para capacidade aeróbia, função adaptativa, equilíbrio, flexibilidade, força e mobilidade.
40% dos sobreviventes adultos foram considerados independentes, 34% moderadamente independentes e 26% não independentes.
Pacientes independentes alcançaram “independência consistente com as expetativas da sociedade”.
Pacientes moderadamente independentes são aqueles que, não sendo totalmente independentes, podem fazer algumas das coisas que se esperam de um adulto.
Sobreviventes não independentes foram mais propensos a precisar de assistência com cuidados pessoais, em comparação com sobreviventes independentes e moderadamente independentes; este grupo também foi significativamente mais propenso a precisar de ajuda com necessidades rotineiras em comparação com os outros dois grupos.
As taxas de emprego a tempo inteiro, de condução e de necessidade de assistência com necessidades de rotina ou pessoais foram comparáveis entre os independentes e grupos moderadamente independentes. No entanto, a amostra moderadamente independente foi significativamente menos propensa a viver de forma independente ou a casar-se.
“As taxas de sobrevivência melhoraram dramaticamente nas últimas décadas, mas, e infelizmente, sabemos que os sobreviventes ainda não conseguem alcançar metas pessoais e profissionais consistentes com o que seria de esperar que jovens saudáveis atingissem”, disse o St. Jude Children’s Research Hospital, em comunicado.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Cancro norte-americano, a sobrevida relativa em 5 anos para pacientes com idades entre os 0 e os 19 anos diagnosticados com tumores cerebrais e outros do sistema nervoso central aumentou de 66,5% para 75,5% entre 1990 e 2014.
A mediana das idades dos pacientes que participaram no estudo foi de 25,3 anos, sendo que 56,9% eram do sexo masculino. O mais forte preditor de não-independência foi o comprometimento cognitivo.
Os investigadores também descobriram que os sobreviventes não independentes eram mais propensos a ter um grave déficit de atenção, de memória e na função executiva.
O estudo acredita que as melhorias na sobrevida de 5 e 10 anos significam que os médicos se devem concentrar mais na melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
“A deteção de déficits de desempenho cognitivo e físico no início do curso de sobrevivência deverá ajudar-nos a identificar os pacientes que podem estar nessa trajetória em direção à não-independência. Identificar os sobreviventes em risco desde cedo pode permitir intervir mais cedo e, potencialmente, mitigar estes efeitos secundários na vida adulta”, concluíram os investigadores.
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