Anomalias no desenvolvimento dentário de pacientes com cancro infantil diferem consoante tratamento recebido

Segundo uma nova investigação, os sobreviventes de cancro infantil experimentam uma prevalência diferente de anomalias no desenvolvimento dentário dependendo do tipo de tratamento que receberam.

Realizada pela Escola de Medicina Dentária da Universidade Hebraica, em Israel, a investigação avaliou a prevalência de anomalias no desenvolvimento dentário entre os sobreviventes de cancro infantil com base no tipo de tratamento (quimioterapia, radioterapia ou cirurgia) bem como o tipo de doença e a idade dos pacientes durante o tratamento.

Os cientistas descobriram que quimioterapia e radioterapia combinadas, especialmente envolvendo radiação na área da cabeça e pescoço, podem indicar um risco aumentado de anomalias no desenvolvimento dentário.

A investigação foi realizada em 121 indivíduos: anomalias no desenvolvimento dentário foram observadas em 46% dos indivíduos em, pelo menos, 9% dos dentes.

As anomalias foram prevalentes em 43% das crianças que receberam quimioterapia sem radiação, 52% que receberam radioterapia também e 60% daquelas que receberam radioterapia de cabeça e pescoço.

As anomalias incluíam dentes pequenos ou ausência de dentes, desenvolvimento radicular e danos na estrutura do esmalte, retenção excessiva de dentes decíduos, erupção prematura, mobilidade reduzida da articulação temporomandibular (ATM), incapacidade de abrir a boca ou mandíbula e deformidades faciais.

Pacientes do sexo feminino apresentaram uma maior incidência de microdontia, enquanto os pacientes do sexo masculino apresentaram maior prevalência de dentes com cáries.

Segundo a investigação, publicada na revista Nature, os primeiros sinais de distúrbios dentários aparecem cerca de um ou dois anos após o início do tratamento.

“O tratamento para o cancro infantil é uma história de sucesso da medicina moderna, uma vez que, hoje em dia, dispomos de tratamentos eficazes para doenças anteriormente intratáveis”, começou por dizer Elinor Halperson, da Universidade Hebraica.

“No entanto, as crianças parecem ser particularmente vulneráveis ​​aos efeitos nocivos da radioterapia e quimioterapia. Esta população crescente de sobreviventes de cancro infantil e requer uma atenção redobrada da comunidade médica e odontológica à medida que somos capazes de identificar riscos futuros.”

Para a investigadora, devia ser dada uma maior importância ao atendimento odontológico em indivíduos que receberam tratamento oncológico até aos 6 anos de idade –  desta forma, diz “poderemos identificar os riscos de efeitos dentários adversos para tratamentos específicos em estágios específicos do desenvolvimento infantil e estabelecer diretrizes internacionais para acompanhamento e tratamento”.

Fonte: The Jerusalem Post

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