De acordo com investigadores da Universidade Hebraica (HU)-Hadassah School of Dental Medicine, a prevalência de anomalias dentárias no desenvolvimento dentário (DDA) em sobreviventes de cancro infantil difere em função do tipo de tratamento seguido contra o cancro.
Num novo estudo publicado em Scientific Reports, os investigadores avaliaram a prevalência de DDA entre os sobreviventes de cancro infantil de acordo com tipos de tratamento — quimioterapia, radioterapia ou cirurgia – bem como tipo de doença e idade durante o tratamento. De acordo com o estudo, os primeiros sinais de distúrbios dentários podem ser esperados dentro de um ou dois anos do tratamento anticancerígeno.
“O tratamento do cancro infantil é uma história de sucesso da medicina moderna. Os tratamentos eficazes estão agora disponíveis para doenças anteriormente incuráveis. No entanto, as crianças parecem ser particularmente vulneráveis aos efeitos nocivos da radioterapia e da quimioterapia”, partilha Elinor Halperson, coordenadora da investigação.
A população de estudos da HU era constituída por 121 indivíduos que receberam exames gerais anuais durante 2017-2019, incluindo exames oro-dentários completos.
Anomalias dentárias em quase metade dos indivíduos
As anomalias registaram-se em 43% das crianças que fizeram quimioterapia sem radiação, em 52% que receberam quimioterapia com radiação, e em 60% das que receberam radioterapia da cabeça e do pescoço. Os doentes que receberam apenas quimioterapia aos seis anos ou menos tinham um maior número de dentes com malformação. De acordo com esta investigação, não há nenhum agente de quimioterapia específico associado a um maior risco de efeitos secundários na dentição.
As anomalias incluíam dentes pequenos ou em falta, desenvolvimento da raiz e danos na estrutura do esmalte, retenção excessiva dos dentes primários; dentes inclusos; erupção prematura; diminuição da mobilidade da articulação temporomandibular (ATM); incapacidade de abrir a boca ou o maxilar e deformidades faciais.
Cuidados dentários essenciais para crianças com cancro
As diferenças mais significativas entre as anomalias dentárias dos meninos e das meninas foram uma maior incidência de microdontia (dentes pequenos e curtos) entre as meninas e uma maior prevalência para os dentes deteriorados entre os meninos.
“Isto destaca a importância dos cuidados dentários para os indivíduos que receberam tratamento oncológico até aos seis anos, particularmente se foi combinado com a radioterapia na cabeça ou na região do pescoço”, explicou Halperson.
Fonte: EurekAlert