Recentemente, uma menina de apenas 10 anos, inicialmente diagnosticada com “dores de crescimento”, começou a ser sujeita a tratamentos oncológicos para tratar um cancro ósseo extremamente raro.
Natural do Reino Unido, Amelia Spalding, descrita pela sua família como tendo “um sentido de humor memorável e um otimismo sem fim”, já foi sujeita a quimioterapia e a duas cirurgias desde o início da pandemia; durante as próximas 18 semanas, a jovem deve continuar a fazer quimioterapia.
De coração partido, o seu pai, Tom, conta que a sua filha é “muito crescida para a idade. Ela é uma jovem muito extrovertida, animada e inteligente”.
“A Amelia encarou esta situação com muita serenidade”, diz Tom, que enaltece o “sorriso maravilhoso” da jovem.
Tudo começou quando Amelia sofreu uma queda de bicicleta.
“Eu e a Amelia adoramos bicicletas e motas. Costumávamos percorrer imensos quilómetros só os dois. Numa dessas vezes, perto da época de natal, a Amelia caiu da bicicleta e magoou-se.”
Nos dias que se seguiram, tanto pai como filha acreditavam que as dores sentidas por Amelia eram decorrentes da queda. Contudo, com o passar dos dias, Tom começou “a achar que algo de estranho se passava”.
“A Amelia dizia que não sentia dor, mas a verdade é que ela não conseguia andar corretamente, começava a coxear…”, relembra Tom.
Até que, “no dia 1 de abril, quando já estávamos em confinamento”, Amelia disse ao pai que não conseguia “empurrar os pedais da bicicleta”.
“Quando vi a perna da Amelia, assustei-me. O joelho direito estava bastante inflamado e vermelho”; preocupado, Tom enviou de imediato fotografias para o seu médico de família, que disse “para não nos preocuparmos, que o mais provável era aquilo serem dores de crescimento ou uma distensão muscular”.
Mas Tom não ficou satisfeito, e “enviei as fotografias para a minha mãe, que é enfermeira”.
No dia a seguir, “logo pela manhã, a minha mãe estava em nossa casa, a dizer-nos que o melhor era levarmos a Amelia ao hospital”.
Sob protocolos apertados, tendo em conta a pandemia da COVID-19, os serviços de saúde aconselharam a família de Amelia a dirigir-se ao Royal Shrewsbury Hospital, onde a jovem fez exames de raios-X; algumas horas depois, Amelia foi transferida para o Princess Royal Hospital, onde a esperava um oncologista pediátrico.
Durante a consulta, “enquanto estavam a pesar e a medir a Amelia, o médico chamou-me à parte e disse-me ‘a sua filha tem cancro’. O mundo desabou naquele momento”, conta Tom.
“Nós achávamos que a Amelia tinha um músculo distendido; quanto muito, iria precisar de fisioterapia. Mas não. Era cancro. A minha filha, aos 10 anos, tem cancro”.
Amelia foi diagnosticada com osteossarcoma osteoblástico, uma forma muito rara de cancro; no Reino Unido, a probabilidade de uma pessoa ser diagnosticada com este tipo de cancro, que atinge todas as idades, “é de 1 em 3 milhões”.
Por este motivo, Tom não guarda “qualquer tipo de ressentimento pelo nosso médico de família. Era impossível alguém diagnosticar este tipo de cancro através de meia dúzia de fotografias”.
Felizmente, após alguns dias muitos stressantes, os exames revelaram que “não havia vestígios de metástases. Foi a nossa primeira vitória”.
Duas semanas depois, Amelia começou a ser sujeita quimioterapia, “o que a fez perder o cabelo. Nesses dias, a minha filha não foi a mesma. Não queria comer, não queria beber, não sorria. Perdeu muito peso”.
Durante o confinamento, apenas um dos pais teve permissão para estar no hospital com Amelia, enquanto esta era sujeita a tratamentos e tinha de ir a consultas.
“Foi tudo muito estranho. Muitas decisões foram tomadas por videochamadas, porque as pessoas não podiam estar juntas. Cheguei a estar um mês sem poder estar fisicamente com a minha filha”.
Nesse período, Amelia fez duas cirurgias para remoção de tecido cancerígeno. O fémur direito, o joelho e a parte superior da canela de Amelia foram removidos e substituídos por uma prótese de titânio.
“Estávamos constante ao telefone. Como eu não podia entrar no hospital, tentava estar o mais perto possível da janela do quarto da Amelia, para lhe poder acenar. Foi muito triste.”
Após as 18 sessões de quimioterapia, Amelia terá ainda, “se tudo correr bem”, uma longa jornada de fisioterapia.
“Para a Amelia, quanto mais rápido ela puder andar de bicicleta, melhor. Mas nós sabemos que isso não é possível. Provavelmente ela não voltará a ter a mesma mobilidade na perna direita”.
Por enquanto, “o nosso foco é o fim dos tratamentos. É só isso que queremos. Os passeios de bicicleta ficam para segundo plano”, brinca Tom que criou uma página de angariação de fundos para que, “no final de tudo isto, possamos viajar com a Amelia”.
Fonte: Wales Online