Alguns tumores cerebrais podem responder à imunoterapia

A imunoterapia provou ser eficaz no tratamento de vários tipos de cancro, mas os tumores cerebrais permaneceram, teimosamente, resistentes.

Agora, um novo estudo sugere que um tumor cerebral de crescimento lento que surge em pacientes afetados pela neurofibromatose tipo 1 (NF1) pode ser vulnerável à imunoterapia, o que dá ao sistema imune um impulso no combate ao cancro.

As descobertas, feitas por um consórcio internacional liderado por investigadores da Universidade da Colômbia, foram publicadas na revista Nature Medicine.

Estima-se que, só nos Estados Unidos, mais de 100 mil pessoas sejam afetadas pela NF1, uma doença hereditária que pode levar ao desenvolvimento de tumores em todo o sistema nervoso, incluindo um tipo de tumor cerebral chamado glioma.

As crianças geralmente têm um tipo de glioma de crescimento lento, enquanto os adultos geralmente têm um tipo mais agressivo.

Mas, seja de crescimento lento ou não, os gliomas são difíceis de tratar.

A maioria é altamente resistente à quimioterapia, e a radioterapia pode agravar, ao invés de aliviar, sintomas como dores de cabeça e convulsões. Como os tumores normalmente envolvem regiões cerebrais delicadas, a cirurgia raramente é uma opção.

A imunoterapia tem sido bem sucedida em alguns pacientes com melanoma, linfoma e alguns outros tipos de cancro.

Porém, ensaios clínicos demonstraram que, até o momento, é ineficaz para o cancro cerebral em geral.

Surpreendentemente, pouco se sabia sobre as alterações moleculares que ocorrem nos tumores cerebrais da NF1, o que dificultou o desenvolvimento de terapias direcionadas.

Neste estudo, os investigadores realizaram uma análise profunda de amostras de tumores de 56 pacientes para criar o primeiro inventário abrangente de dados genéticos, epigenéticos e genéticos. e alterações imunes nos gliomas NF1.

“Este inventário irá dar-nos uma ideia muito melhor de como projetar tratamentos individualizados, mas duas das descobertas do nosso estudo podem ter repercussões clínicas imediatas para pacientes com NF1”, disseram os cientistas.

A imunoterapia é ineficaz para a maioria dos tumores cerebrais porque os tumores estão infiltrados com um grande número de células chamadas macrófagos que impedem o ataque do sistema imune.

O novo estudo revelou que muitos gliomas NF1 de crescimento lento contêm poucos macrófagos e produzem proteínas, chamadas neoantigénios, que podem desencadear um ataque do sistema imune.

“Ficamos surpresos ao descobrir que aproximadamente 50% dos gliomas de NF1 de crescimento lento continham um grande número de células T que têm a capacidade de destruir as células cancerígenas”, explicaram.

Esses tumores “altamente imunes” são bons candidatos para o tratamento com imunoterapia, o que poderia desencadear as células T.

Este estudo também descobriu que um subgrupo de tumores cerebrais em pacientes sem NF1 compartilham o mesmo perfil molecular que os gliomas de NF1 de crescimento lento.

Estudos futuros terão que estabelecer se esses tumores cerebrais “semelhantes ao glioma NF1″ também exibem as mesmas caraterísticas imunes e são potencialmente vulneráveis à imunoterapia.

Embora os tumores NF1 agressivos tenham sido embalados com macrófagos e possam resistir à imunoterapia, os investigadores também descobriram que muitos tinham um defeito genético que pode deixá-los mais sensíveis às terapias que danificam o ADN.

Células nesses tumores agressivos podem se reproduzir, mas as novas células contêm muitos erros de ADN, daí que, “se tratarmos os tumores agressivos com agentes que danificam o ADN, poderemos introduzir ainda mais erros de ADN que eventualmente impeçam as células de se replicarem e impedir o crescimento do tumor”, disseram os cientistas.

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