Durante os mais de 35 anos que trabalha como oncologista/hematologista pediátrica, Alexandra Cheerva tem vindo a observar os progressos que ajudaram a melhorar a capacidade de sobrevivência na área da oncologia pediátrica.
Após ter feito grande parte da sua carreira no Norton Children’s Cancer Institute, esta médica tornou-se agora numa das peças fundamentais de um programa desenvolvido pelo instituto que visa especificamente adolescentes e jovens adultos sobreviventes de cancro infantil.
“Eu amo este grupo de pacientes – e é por gostar tanto deles que quero fazer tudo o que está ao meu alcance para os ajudar a tornar a sua transição para o mundo adulto o mais fácil possível”, disse Alexandra.
Este inovador programa dirige-se a pessoas com idades entre os 18 e os 39 anos que foram diagnosticadas com cancro – estima-se que existam mais de 300 mil adultos sobreviventes de cancro infantil nos Estados Unidos.
Estes jovens adultos não apenas passaram pelos desafios emocionais e físicos do tratamento quando crianças, mas também enfrentam um maior risco de uma série de condições médicas potencialmente graves ao longo das suas vidas.
“Sabemos que, a longo prazo, os pacientes beneficiam de um programa como este”, explicou a médica.
Cerca de 75% dos sobreviventes de cancro pediátrico têm uma condição crónica de saúde.
Estima-se que 25% a 40% enfrentarão um efeito tardio grave ou potencialmente fatal decorrente dos tratamentos a que foram sujeitos, tais como problemas de fertilidade, problemas cardíacos, diabetes, problemas hormonais, problemas cognitivos, escoliose e tumores benignos ou malignos.
“Esta é apenas uma das razões pelos quais temos que monitirizar muito bem estes sobreviventes”.
Este novo programa oferece aos pacientes uma triagem adequada, com base no tratamento oncológico que receberam – por exemplo, as mulheres que foram sujeitas a determinados tratamentos podem precisar de começar a fazer mamografias de rotina aos 25 anos, em vez de aos tradicionais 40 anos.
Para pacientes com risco de diabetes ou doenças cardiovasculares, o programa tem um nutricionista que ajuda a recomendar modificações na dieta e no estilo de vida.
O programa também conta com psicólogos e enfermeiros psiquiátricos que oferecem aconselhamento e apoio à saúde mental.
“Os sobreviventes de cancro infantil são mais propensos a sofrer de ansiedade e depressão – sim, eles são jovens, mas já passaram por muitos traumas”, afirma Alexandra.
O programa do Norton Children’s Cancer Institute também oferece arteterapia, musicoterapia, aulas educativas, fitness, massoterapia e vários outros tipos de apoios.
“A minha principal missão quando comecei a trabalhar era tentar curar estes jovens. Mas depois apercebi-me que o processo de cura não termina com o fim dos tratamentos. Mesmo depois de terem terminado as terapias e de estarem curados do cancro, eles continuam a precisar da nossa ajuda. Muitos deles, infelizmente, sofrem de efeitos tardios e precisam de monitorização e de cuidados contínuos. E nós precisamos de continuar a cuidar deles”.
“Alguns destes sobreviventes querem ser enfermeiros ou médicos. Outros querem ajudar a comunidade. Os pontos fortes que vemos nestes jovens adultos são únicos e surpreendentes. Eles cresceram num meio muito dificil, entre hospitais e tratamentos, e querem ajudar outras crianças”.
“Eu só quero ajudar estas pessoas. Ajudá-las, para que elas vivam uma vida feliz, saudável, útil e produtiva durante décadas e décadas”.
Fonte: Norton Children’s Cancer Institute