Todas as semanas, no Paraguai, uma criança com menos de 15 anos morre de cancro infantil, segundo dados da Sociedade Paraguaia de Oncologia Médica.
“A mortalidade por cancro continua a ter um grande impacto, embora a sobrevivência tenha sido melhorada para 80%. Ainda assim, as estatísticas do Ministério da Saúde são alarmantes”, disse a oncologista Eva Lezcano.
O fator desencadeante da mortalidade pediátrica por cancro não se deve a atrasos nos serviços de saúde, mas sim por causa do “próprio cancro, do seu génio evolutivo”.
No Paraguai, o cancro representa a segunda causa de mortalidade em crianças.
“O cancro infantil é um problema social e de saúde pública“, disse a Angelica Samudio, diretora do Departamento de Hemato-Oncologia Pediátrica do Hospital de Clínicas, um dos mais conceituados do país.
Os dados foram divulgados durante o anúncio da organização do XXXI Congresso da Sociedade Latino-Americana de Oncologia Pediátrica (SLAOP), que será realizada pela segunda vez no Paraguai, entre os dias 1 e 4 de abril de 2020.
Os tipos mais comuns de cancro infantil são leucemias, tumores do sistema nervoso central, linfomas e tumores sólidos. Na América Latina, 20 mil crianças com menos de 15 anos são diagnosticadas, por ano, com cancro.
Nos serviços de saúde, tem havido vários progressos ao nível do diagnóstico precoce e da implementação de tratamentos modernos. O que falta, dizem os médicos, é “diminuir a alta taxa de mortalidade infantil”.
Antigamente, cerca de 30% dos pacientes desistiam do tratamento; hoje, essa percentagem é de 0%.
No Paraguai, a incidência de cancro pediátrico é de cerca de 450 novos casos por ano.
“Mas esse é um número aproximado, infelizmente não temos um registo oncológico que nos permita saber, com exatidão, quais os números reais”, disse Eva Lezcano.
No total, existem 4 centros médicos no país especializados em tratar o cancro infantil.
Reduzir as desigualdades existentes, padronizar procedimentos de diagnóstico e ter um padrão de diagnóstico e um protocolo multicêntrico nacional com acesso a todos os medicamentos quimioterápicos são os problemas pendentes na abordagem no tratamento do cancro infantil no país.
Sanadas estas lacunas, Angelica Samudio acredita que será possível melhorar a sobrevida global de crianças com cancro.
Fonte: Última Hora