Cientistas da Universidade do Indiana, nos Estados Unidos, publicaram um artigo sobre um tipo específico de cancro infantil na revista Cancers.
A investigação publicada envolveu uma terapia combinada que retardou significativamente o crescimento de tumores em vários modelos, incluindo um modelo estabelecido a partir de células retiradas de tumores doados por Tyler Trent.
Este foi o primeiro estudo publicado a incluir o modelo de tumor de Tyler, um estudante da Universidade de Purdue que faleceu a 1 de janeiro de 2019, após travar uma longa batalha contra uma forma agressiva de osteossarcoma, um tipo de cancro ósseo.
Como forma de agradecimento, os cientistas dedicaram o seu estudo a Tyler, garantindo que o jovem será sempre lembrado pela sua batalha corajosa, pela sua paixão pela defesa do cancro infantil e pela generosa doação do seu tecido tumoral para a área de investigação.
“Estamos muito orgulhosos por, através desta investigação, conseguirmos honrar o legado do Tyler. Graças a ele, conseguimos estabelecer a base para investigações futuras. Ainda temos muito trabalho pela frente, mas temos esperança de que, com estas descobertas, seja possível criar novas terapias para o osteossarcoma”, disse Karen Pollok, autora do estudo.
Karen e a sua equipa encontraram uma variação genética nos tumores de Trent, denominados TT1 e TT2 em homenagem ao jovem, conhecida como MYC-RAD21, que foi encontrada em tumores que tendem a se repetir.
Segundo Karen, existem dois fármacos que podem bloquear os efeitos desta variação: um inibidor de Chk1 e um inibidor de bromodominio.
A equipa testou cada medicamento individualmente, bem como em combinação.
Os cientistas descobriram que, em modelos com o tumor TT2, era possível impedir o seu crescimento usando um dos medicamentos individualmente, mas o uso de ambos os medicamentos bloqueou substancialmente o crescimento do tumor durante um tratamento de quatro semanas.
A equipa de pesquisa também determinou que o tratamento combinado foi bem tolerado.
“Esta investigação está a possibilitar-nos enveredar por novos caminhos que irão melhorar os prognósticos de crianças, adolescentes e jovens adultos com cancro, especificamente pessoas com osteossarcoma”, disse Jamie Renbarger, outra das investigadoras ligadas a este estudo.
Jamie foi uma das médicas que acompanhou Tyler e acredita que, com a ajuda do programa que lidera, a Precision Health Initiative, os cientistas serão capazes de “encontrar a cura para mais crianças.”
Após a interrupção da terapia, o tumor começou a crescer novamente nos modelos, o que levou os cientistas a considerarem outros passos no seu processo científico.
Tyler Trent: o rapaz que quer aparecer nos livros de ciências
Os tópicos de investigações futuras incluirão aprender e entender de que forma os tumores se adaptam aos tratamentos; desta forma “seremos capazes de encontrar novas maneiras de otimizar a terapia combinada”.
“As descobertas que fizemos agora e as investigações que estamos a levar a cabo com os modelos de tumor do Tyler estão a ser muito uteis para o futuro da oncologia pediátrica. Isso aquece-nos o coração, porque foi algo que o meu filho sempre quis: ajudar”, conta Kelly Trent, a mãe de Tyler.
Tyler foi diagnosticado com osteossarcoma pela primeira vez quando tinha 15 anos; nos anos que se seguiram, o jovem doou várias amostras de tumor para que cientistas as pudessem estudar. Para além disso, o adolescente também encorajou outras pessoas a fazerem o mesmo, tornando-se um defensor da investigação na área da oncologia pediátrica.
No total, foram doados milhões de dólares para investigações em nome de Tyler; hoje em dia, a sua família continua a apoiar a luta que foi, um dia, do filho.
Fonte: News Medical