Todos os anos, no Natal, a minha avó Omi fazia doações para o St. Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos, um dos maiores centros de tratamento oncológico do mundo.
Infelizmente, coincidências do destino, a minha avó morreu em 2005, vítima de cancro. Mas, mantendo a tradição por ela criada, agora somos nós, a sua família, a doar, todos os natais, dinheiro para esta instituição em seu nome.
A razão pela qual decidimos manter esta tradição é bastante simples: os tratamentos desenvolvidos pelo St. Jude Children’s Research Hospital ao longo do tempo ajudam crianças com cancro.
Foram estes tratamentos que ajudaram a aumentar a taxa de sobrevivência do cancro infantil de 20% para 80%.
Este Natal, tive a oportunidade de conhecer um desses jovens que diz, sem rodeios, estar vivo “graças ao St. Jude Children’s Research Hospital”.
Jake Marshall, assim se chama o jovem, foi bondoso o suficiente para me contar a sua história de superação e coragem.
“Eu e a minha mãe passámos por muita coisa juntos”, começa por dizer.
Em 2000, com apenas 2 anos e meio de idade, os médicos encontraram um tumor no cérebro de Jake.
“Foi-me diagnosticado um ependimoma. Rapidamente, os médicos procederam a uma cirurgia de remoção, mas alertaram logo a minha mãe, de que aquele era um tumor agressivo, com alta probabilidade de recidiva.”
“Segundo os médicos, o meu filho tinha uma probabilidade de sobrevivência de 30%”, disse Kathleen Marshall.
No meio de toda aquela angústia, a tia de Jake encontrou um artigo publicado pelo St. Jude Children’s Research Hospital sobre o ependimoma. De imediato, a família entrou em contacto com a instituição.
“Deram-nos logo o número de Thomas Merchant, um dos médicos responsáveis pela investigação”.
Kathleen recorda-se daquela chamada como se tivesse sido feita hoje.
“O Dr. Merchant disse-me que, caso levássemos o Jake para o St. Jude Children’s Research Hospital, ele iria ser inscrito num ensaio clínico. Assim, as hipóteses de sobrevivência seriam de 80%. Não pensámos duas vezes… foi uma decisão bastante fácil para nós”.
Se Kathleen não consegue esquecer esses momentos, Jake não tem grandes memórias dessa época.
“Não me lembro de muita coisa, mas lembro-me da forma como toda a gente me tratou. A equipa médica foi incrível. Lembro-me de me sentir em casa. Lembro-me de sentir que ali estava seguro. Ainda hoje, quase 20 anos depois, considero aquelas pessoas a minha família”.
No total, Jake e a sua mãe estiveram 3 meses no St. Jude Children’s Research Hospital.
Durante esse período, Jake foi submetido a radioterapia todos os dias.
Hoje, quase 20 anos depois, este sobrevivente é um jovem formado em comunicação, algo que também agradece ao St. Jude Children’s Research Hospital.
“Aquela instituição salvou-me a vida e fez-me perceber o que queria fazer com ela. Durante o tempo que lá estive, e durante as várias vezes que lá voltei, vi muitas vezes a imprensa lá, a televisão, as revistas… e assim percebi que queria ser jornalista”.
Fonte: Spectrum Local News