A COVID-19 e o cancro infantil: a história de Sadie

Quando, há quase 3 meses, as medidas de confinamento devido à pandemia da COVID-19 foram impostas, os pais da pequena Sadie Sullivan já estavam preparados para o que viria a acontecer.

A família, natural do norte de Belfast, na Irlanda do Norte, já havia adaptado o seu modo de vida quando a sua filha foi diagnosticada com uma leucemia linfoblástica aguda, corria o ano de 2017.

Na altura, Sadie tinha apenas 5 anos de idade.

Durante os 2 anos que duraram os tratamentos oncológicos, a mãe, Pauline McCallion, e o pai, Toby Sullivan, tomaram todas as medidas possíveis para proteger Sadie, cujo sistema imunitário estava comprometido.

As visitas a casa de familiares e amigos foram limitadas, as brincadeiras nos parques infantis só eram possíveis em locais onde não estivessem outras crianças e as idas ao supermercado foram proibidas.

Viver com restrições tornou-se o “novo normal” para esta jovem família.

Felizmente, o tratamento de Sadie terminou em julho do ano passado e, desde aí, a jovem tem feito progressos surpreendentes.

Mas, de repente, e sem que nada o fizesse prever, o mundo viu-se obrigado a enfrentar o novo coronavírus e, com isso, Sadie, os seus pais e as suas duas irmãs mais novas, Grace e Meabh, voltaram a viver uma vida repleta de medidas preventivas; contudo, desta vez, o objetivo não era só proteger Sadie, mas sim toda a família e a comunidade.

“Entrámos neste confinamento muito bem preparados. Já sabíamos como era viver assim, como era ter que ter cuidados extra com a saúde, pelo que sabíamos o que nos esperava. A grande diferença é que, da primeira vez, os cuidados que tínhamos era para proteger a Sadie e, desta vez, é para nos protegermos a todos”, disse Pauline.

Antes do diagnóstico, Sadie, agora com 8 anos, sofreu de sintomas semelhantes aos da gripe; mas, quando começaram a surgir erupções cutâneas e dores nas articulações persistentes, os pais foram de imediato para o Royal Belfast Hospital for Sick Children.

Os testes revelaram que Sadie sofria de leucemia linfoblástica aguda; no mesmo dia, a menina foi internada no hospital, onde permaneceu durante 4 semanas.

Foi um momento muito difícil para a família, que ainda hoje faz questão de agradecer todo o apoio que recebeu dos vários profissionais de saúde que acompanharam Sadie.

“Durante os primeiros 6 meses de tratamento, estivemos praticamente isolados. Não podíamos ter visitas, com a exceção dos avós da Sadie. Sempre que saíamos de casa, tínhamos que nos preparar… andávamos sempre com desinfetantes e luvas. Estar perto de multidões era impensável. Também não podíamos arriscar levar a Sadie aos supermercados, tal era o medo que ela, sem querer, tocasse em algo ou que alguém tossisse nela”.

Pauline e Toby contam que fizeram uma lista onde enumeraram quais os parques infantis menos visitados; caso alguma criança aparecesse, a família ia procurar outro que estivesse vazio.

“Quando este confinamento começou, as nossas filhas já estavam habituadas a não tocar em portões ou equipamentos de ginástica e a recuar se outras crianças corressem até elas”.

Por causa da Covid-19, Sadie, que se estava a preparar para voltar a frequentar a escola quando as medidas de restrição foram anunciadas, não faz um check-up hospitalar desde fevereiro; ainda assim, a família está em contato permanente com os médicos, de forma a certificar-se de que tudo corre pelo melhor.

“Mesmo assim, somos uns sortudos. A minha filha está bem e o prognóstico é bastante animador. Não quero imaginar como se estarão a sentir os pais cujos filhos estão, neste momento difícil, a ser sujeitos a tratamentos”.

Como forma de agradecimento aos profissionais de saúde, a família está empenhada em ajudar a Unidade de Oncologia Pediátrica responsável pelo tratamento de Sadie; esta unidade criou uma campanha de angariação de fundos de forma a ajudar famílias afetadas pelo cancro infantil que, devido à COVID-19, estejam a passar por dificuldades financeiras.

Intitulada Miles for Smiles, esta campanha desafia os participantes a caminhar ou a correr de forma a angariar os fundos necessários para ajudar a colocar um sorriso nos rostos dos jovens pacientes da Unidade de Oncologia Pediátrica.

Fonte: Belfast Telegraph

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